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COLUNA DO REPENSAR

A fila infinita

Arthur Rehling Kolosque
13 anos, aluno da Escola Estadual Gaspar Bartholomay, participante do ProjetoRepensar – o papel da educação na categoria
Coluna Assinada, sob orientação do jornalista Ricardo Düren

Em um acampamento escoteiro chamado Camporee Sul, onde reúnem-se grupos escoteiros de vários estados brasileiros e até de fora do País, havia uma loja que vendia produtos variados, desde camisetas a bonés, além de distintivos para levar de recordação do evento, ocorrido em janeiro de 2019 em Soledade, aqui no Rio Grande do Sul.

Para os escoteiros, esse é um evento muito importante. É onde se encontram grupos de inúmeras regiões, dando oportunidade para trocas de lenço e para conhecer outras pessoas e culturas.

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Em minha mochila havia dinheiro para comprar algo de recordação. Como havia uma regra determinando que só poderíamos andar pelo parque em grupos, chegando lá, juntei-me a mais dois amigos que também queriam comprar algumas recordações.

No caminho até a loja, pensamos que seria algo relativamente fácil: iríamos entrar numa fila pequena, quase inexistente, escolheríamos o que comprar e voltaríamos de lá antes do almoço.

Grande erro! Quando vimos o que nos aguardava no local onde haviam instalado a loja, ficamos desolados. A fila já estava quase dando uma volta completa em torno do pavilhão. Entramos na extensa fila na esperança que diminuísse rapidamente. Porém, não diminuía!

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Meus amigos até compraram um pastel, para se distraírem da fila e, consequentemente, enganar a fome. Mais perto da porta de entrada do pavilhão, conhecemos alguns escoteiros de Minas Gerais. A conversa com eles foi uma mistura de sotaques e gírias. Quase não nos entendíamos, parecia até outra língua. Obviamente, nossa conversa era sobre pão de queijo. Eles eram muito gentis e educados, e até nos distraímos da fila.

Porém, quando estávamos quase entrando no pavilhão, fomos chamados para o almoço. Ficamos decepcionados. Afinal, estávamos há tanto tempo na fila para comprar camisetas e outras lembranças e, mesmo que não estivéssemos com fome, tínhamos que nos apresentar no refeitório.

Então, depois de várias horas de atividades que nos fizeram conhecer a dimensão do campo onde estávamos – que iam desde concluir um circuito de obstáculos até deslizarmos em um escorrega de lona ensaboado –, retornamos à enorme fila. Após um certo tempo, conseguimos até entrar no pavilhão. Só então descobrimos que não havia apenas uma loja dentro, mas sim várias, com produtos que variavam desde detergente para limpar roupas até distintivos para uniformes escoteiros.

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Ilustração: Giovanna Mariense Chiapinotto, 13 anos, estudante da Escola Educar-se, participante do Projeto Repensar – o papel da educação na categoria Desenho/Charge, sob orientação do chargista Fernando Barros

E novamente fomos chamados para concluirmos outra atividade. Sendo assim, saímos da fila sem que tivéssemos conseguido nem sequer entrar na loja que queríamos – que era cercada por uma grade de ferro do chão ao teto, com a entrada controlada por um segurança.

As atividades, porém, foram divertidas, e como o dia já tinha acabado, fomos dormir com a esperança de que, na manhã seguinte, conseguiríamos entrar na loja e comprar algo como recordação do acampamento – e da batalha travada contra a gigantesca fila.

No outro dia, estávamos determinados a entrar na loja. Fomos à fila, com aquele sentimento de “agora vai!”. Mas, para nosso azar, nossa barraca quebrou com um vento forte que surgiu de repente, e tivemos que sair, como todas as vezes, da fila, para ir organizar nossas coisas e movê-las a outra barraca.

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Quando todos já haviam desistido de entrar na tal loja, encarei mais uma vez a fila, que começou a andar. Pela primeira vez, cheguei perto da porta. Foi quando ouvi a palavra mais esperada por mim, então o primeiro da fila:
– Próximo!

Entrei na loja, que estava bastante movimentada, com muita gente em um único espaço. E depois de dias de espera, selecionei os produtos que queria comprar e me dirigi ao caixa. Comprei três camisetas do evento. Não porque as achei as mais bonitas – eram as únicas do meu tamanho, o resto já havia sido vendido. Saí por uma porta lateral, sentindo-me vitorioso, pois, enfim, venci aquela imensurável fila.

As experiências que levo daquele acampamento são várias. Conheci muita gente interessante e pude trocar vários lenços escoteiros, até mesmo com uma chefe de um grupo do Mato Grosso do Sul. Essas sim, são recordações que levarei comigo para sempre.

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