Os médicos não sabem ao certo o segredo da longevidade. Mas Carmem Doralice Procat, conhecida simplesmente como Alice, que completa 100 anos no domingo, diz saber muito bem. “Para viver, a gente tem que ser feliz. E eu sou a pessoa mais feliz do mundo”, afirma ela.
O rosto de dona Alice não esconde a saúde que ela tem. Com bochechas bem vermelhas e sempre sorrindo, ela conta, orgulhosa, que não toma nenhum remédio. Alice relata que sempre seguiu a mesma dieta, regada a ovo frito, carne, arroz, feijão e tudo aquilo que desejar. “Eu como aquilo que eu gosto e sempre fui assim, nunca precisei
emagrecer”, garante.
Santa-cruzense, ela trabalhou até os 23 anos no Centro da cidade, em uma casa de tecidos. Foi nessa mesma loja que conheceu seu marido, Romar. “Ele chegava dentro do armazém e eu me escondia atrás do balcão. Naquela época, a gente morria de vergonha dessas coisas”, conta rindo sobre o fato.
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Ela lembra das felicidades e também das tristezas de uma história que completa um século. Como do falecimento de seu marido em 1999, aos 85 anos. “Chorei muito. Fiquei muito triste. Ele era muito bom pra mim, nunca disse nada que eu não gostasse. Criou bem os filhos, me tratava com muito carinho. Ele me amou demais”, recorda Alice.
Depois que se casou, em 1939, tornou-se dona de casa para se dedicar à criação dos filhos, já que Romar trabalhava fora. Teve cinco filhos. Um deles, Romeu, que era gêmeo de Renê, faleceu quando ainda era um bebê. “Depois do batizado, os dois estavam na cama e eu na cozinha. Comecei a ouvir um choro, era do Renê. Fui lá e o Romeu já não estava mais vivo. Parece que o Renê queria avisar que o irmão não estava bem”, recorda ela, com o olhar marejado.
Durante o velório do filho, não aceitou que ele fosse velado dentro do caixão. “Segurei ele no meu colo o velório inteiro. Foi aqui (aponta ela), na sala mesmo”, recorda Alice. A filha Miriam relata que todos os anos a mãe pede que ela limpe e enfeite o túmulo. “Ela não se esquece do Romeu”, enfatiza.
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Em 100 anos de vida, Alice enfrentou e superou todas as perdas que teve com a alegria de quem gosta de viver. Sua filha, Miriam, descreve a mãe como “uma flor que nasceu há 100 anos para trazer felicidade aonde passa”.
Os filhos Miriam, Renê, Clóvis e Luiz, junto às esposas Enia, Rejane e Nilva, os seis netos e sete bisnetos vão comemorar os 100 anos de Alice. A celebração de um século de vida ocorrerá no sábado, no clube Aliança, no Centro de Santa Cruz.
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