Os alemães trouxeram ao Brasil os costumes que cultivavam na Alemanha. Sofreram muito para desbravar e colonizar nosso País, principalmente o Sul. Todavia, aos poucos foram espalhando sua cultura.
Povo organizado e trabalhador. Trabalhavam desde o nascer do sol e só voltavam para casa quando o sol já estava por desaparecer no horizonte. Antes de se recolher para o aconchego da casa, precisavam tratar os animais.
O fruto de seu trabalho incansável era uma mesa farta para todas as refeições. Não faltava nada. Arroz, feijão, carne, batata doce, batatinha, mandioca e verduras eram indispensáveis para o almoço e a janta. O café da manhã tinha pão de milho, melado, schmier, keeschmier, linguiça de porco, entre outras guloseimas. Isso se repetia até o sábado.
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Quando eu morava em Trombudo, era costume dos colonos levarem uma quantidade de milho para o moinho. Era triturado pelas suas máquinas, que eram impulsionadas pela roda d’água. A água era proveniente dos arroios, sendo conduzida por calhas. Devido à força da gravidade, despejava sobre a roda gigante, que permanecia em movimento. Uma obra de engenharia de algum alemão inteligente.
O pão consumido durante a semana provinha da farinha de milho. Nas casas dos imigrantes alemães era indispensável ter o forno de lenha. Além do pão que as mulheres faziam para o consumo da semana, não poderiam faltar as gostosas cucas e bolos, que eram preparadas para serem consumidas em aniversários ou nos finais de semana.
Nos bailes do Salão Machado de Trombudo, jamais me foge da memória a cozinha do proprietário da bailanta. Sua mulher servia cuca e linguiça para quem estivesse sentindo fome durante o baile. Os dançarinos compravam fatias de cucas, acompanhadas de alguns gomos da gostosa linguiça fervida na hora. Nada melhor para curar a ressaca da cerveja.
Em outra crônica, escrevi sobre a comida de domingo, sontag essen, que consistia em um almoço diferenciado que os alemães comiam somente no domingo. Lá pelo meio da tarde, os familiares se reuniam novamente em torno da mesa de refeições. Estava na hora do café da tarde. O pão servido não era mais o de milho. Domingo era o dia de comer pão feito com farinha de trigo, iguaria rara naquela época.
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O povo alemão é famoso por misturar o doce com salgado. A manteiga era conservada no fundo do poço, a fim de não derreter com o calor. Vinha fresquinha e fácil de passar no pão. Outra guloseima comum era a kriba schmier, que era preparada com torresmo moído e temperado com sal. Uma delícia. Além dessas iguarias nesses lautos ágapes, ainda acompanhava a nata, keeschmier, linguiça de porco ou misturada com pouca carne de gado, cozida ou seca, morcilha, torresmo, melado, eischmier (ovo batido, misturado com um pouco de farinha de trigo), schmier de pêssego, laranja ou qualquer fruta da época, preparada com esmero pelas mulheres da casa.
Fartura era que não faltava na mesa dos alemães.
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