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CONTRAPONTO

A Fábrica de Cretinos Digitais

O livro A Fábrica de Cretinos Digitais – Por que, pela primeira vez, filhos têm QI inferior ao dos pais (416 págs, Editora Vestígio) trata de tema socialmente relativizado e desdenhado, qual seja: os efeitos danosos da superexposição digital das crianças e dos adolescentes.

Michel Desmurget (1956), o autor, é um pesquisador especializado em neurociência cognitiva, atuou em universidades americanas e foi diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica, da França.

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Baseado em dados estatísticos e pesquisas médicas, demonstra como os dispositivos digitais afetam o desenvolvimento neural. Diz: “A superexposição às telas pode resultar em perda de memória e distúrbios de concentração”.

“Se não mudarmos esses hábitos, as crianças poderão se transformar em adultos com menor capacidade intelectual.” Dicionário. Ver cretino, cretinismo. Antiga patologia médica de origem francesa. Perturbação que impede o desenvolvimento mental.

Porém, sobre tais conclusões pessimistas, divergem alguns psiquiatras, pediatras e sociólogos. E dizem: “Estaríamos em uma nova era. Que o cérebro dessa geração pós-digital teria se modificado para melhor. Mais rápido, mais reativo, mais apto à simultaneidade de tarefas, mais competente e colaborativo para sintetizar o imenso fluxo de informações”.

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E que essa evolução ofereceria “uma oportunidade de refundar o ensino, estimular a motivação dos alunos, fecundar sua criatividade, eliminar o fracasso escolar e derrubar as desigualdades sociais”.

Todavia, esses argumentos otimistas não impressionam o autor do livro, que reafirma a influência negativa dos dispositivos digitais sobre o desenvolvimento mental e emocional das crianças e adolescentes.

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Diz mais. “Durante o tempo que passam em frente às telas, menos de 3% são dedicados aos estudos, às atividades criativas e ao enriquecimento intelectual. Se concentrassem suas práticas naquilo que o digital oferece de mais positivo, o presente livro não teria razão de existir”.

Em síntese, estariam sendo afetados aspectos somáticos (obesidade e maturação cardiovascular), emocionais (agressividade e ansiedade) e cognitivos (linguagem e concentração), entre outros danos evidentes.

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Foco roubado

Leia também o livro Foco roubado – Por que você não consegue prestar atenção e como pensar profundamente de novo (Stolen Focus – Why you can’t pay attention – and how to think deeply again) editado em 2022/394 págs), do escritor ingles Johann Hari (1979).

Diálogo da modernidade

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– Voce se preocupa com o avanço da inteligência artificial?
– Não, me preocupo mais com o retrocesso da inteligência natural.

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