Gazeta – O senhor diz que sua coligação pode fazer até quatro ou cinco vereadores. Mesmo que isso aconteça, o senhor, se for eleito, não terá maioria na Câmara. Como fará para aprovar projetos?
Fabiano – Para ter a governabilidade, precisamos de nove vereadores. Isso é fato. Mas qual é a vantagem de me elegerem prefeito? Tenho uma boa relação tanto com o PTB quanto com o PP. O que é um milagre, porque entre eles não há relação. Então eu, como prefeito, não teria problema algum de sentar com eles. E até com o PT. Isso não quer dizer que eu vou fazer qualquer negócio. É preciso alinhar com o interesse coletivo.
Gazeta – O fato de o senhor estar anunciando nomes de secretários ainda durante a campanha não pode prejudicar essas negociações?
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Fabiano – Eu tenho dito desde o início que não vou fazer loteamento de cargo, e inclusive já perdi algum apoio por causa disso. Porque se alguém está nos apoiando só por causa do cargo, então não está conosco, está com quem ganhar. Mas eu não vou anunciar o secretariado todo agora. Anunciei dois e talvez anuncie mais um. São três de 12, e são áreas em que não dá para colocar aventureiro.
Gazeta – De todos os candidatos, o senhor é o único que nunca ocupou nenhum cargo eletivo ou de gestão. O senhor tem experiência para ser prefeito?
Fabiano – Depende do tipo de experiência que querem. Experiência técnica eu tenho mais que qualquer um, inclusive que o Sérgio e o Telmo. Posso sentar e debater com eles sobre qualquer assunto de administração pública. Mas a experiência deles, eu não quero. A experiência de deixar o município devendo milhões para a AES Sul, a experiência de fazer um contrato obscuro com a Corsan, a experiência de ser amigo de empreiteiros, isso eu não quero. Comandei a Comissão de Constituição e Justiça, que é a comissão mais importante da Assembleia Legislativa. A única experiência que eu confesso que não tenho é a da malandragem.
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Gazeta – No seu plano, o senhor fala em fazer um “grande reordenamento” das secretarias. O que tens em mente?
Fabiano – A mais urgente é criar a Secretaria de Segurança e Mobilidade Urbana. Porque hoje o nome está lá, mas não existe política de segurança. E faz muito mais sentido essa área estar com o Transporte do que com o Esporte. Também vamos unir Agricultura e Meio Ambiente, organizando internamente os departamentos.
Gazeta – O senhor fala em implantar a meritocracia para valorizar os servidores. Como funcionaria?
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Fabiano – É algo que estou copiando do falecido Eduardo Campos (ex-governador de Pernambuco). O funcionário que tiver um bom desempenho vai receber um “plus” no salário no próximo trimestre.
Gazeta – Mas esses valores seriam incorporados ao salário ou seria um bônus?
Fabiano – Seria um bônus. E teríamos comissões ligadas ao gabinete, em cada secretaria, que fariam esse acompanhamento e avaliariam a produção dos servidores.
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Gazeta – E tem recursos para isso, candidato?
Fabiano – Tem, mas vamos fazer a partir de 2018. Não estamos falando de um salário a mais. Estamos falando de 1% ou 2%. Isso funciona. Se faziam em um Estado, como não vamos conseguir fazer em uma cidade de porte médio?
Gazeta – Já que estamos falando sobre funcionalismo, como o senhor pretende manter uma boa relação com os servidores?
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Fabiano – Os últimos governos vêm dialogando com o funcionalismo na base da chibatada. Nós vamos fazer reuniões trimestrais com o sindicato, e tem que ser o prefeito, não o vice ou o secretário. É preciso estabelecer um diálogo em que os servidores se sintam valorizados.
Gazeta – E o Gabinete do Povo, que o senhor propõe, como seria?
Fabiano – Uma vez por semana, vou receber no gabinete um representante de cada bairro, que serão pessoas cadastradas, para me apresentar as demandas. E todos os secretários vão estar junto e terão 48 horas para dar um retorno. Não a obra pronta, claro, mas uma previsão. Isso é tranquilo de fazer, é só saber usar uma agenda. Hoje o prefeito não sabe de nada, cada secretaria é uma prefeitura.
Gazeta – O senhor chamou há pouco o contrato da Corsan de “obscuro” e defende a criação de um conselho gestor para acompanhar os serviços de saneamento. Como isso resolveria os problemas de falta de água?
Fabiano – Eu, sinceramente, não entendo por que fazer um contrato de 40 anos. E desafio qualquer um a me mostrar onde estão os investimentos da Corsan. Mas quanto ao conselho, ele será formado por membros da Prefeitura, da OAB, Assemp, Santa Cruz Novos Rumos e obviamente a Corsan, que terá o maior número de participantes. Hoje, só 10% do que a Corsan arrecada é investido aqui. Temos que fazer com que ao menos 50% fique aqui.
Gazeta – Mas isso depende de uma revisão do contrato. A Corsan aceitaria isso?
Fabiano – Vamos discutir judicialmente, se for o caso.
Gazeta – Como o senhor pretende reverter o deficit de vagas na educação infantil?
Fabiano – A curto prazo, vamos ampliar o número de escolas cooperativadas. A médio prazo, vamos solicitar um estudo para ver quais escolas podemos ampliar e buscar empresas que possam patrocinar essas obras. No longo prazo, a ideia é construir três escolas com recursos federais, por meio de emendas parlamentares. O deputado Heitor Schuch (PSB) já se comprometeu com isso. E outra coisa: lá no prédio da Smec, tem muitas salas ociosas que podemos aproveitar.
Gazeta – Passada a inauguração da UPA, o que passa a ser prioridade em saúde?
Fabiano – Primeiro, não vamos ter CC em nenhuma unidade de saúde. Para evitar que furem a fila para atendimentos, como já se comprovou que acontece hoje. Além disso, temos que emergencialmente implantar uma linha de ônibus que faça gratuitamente o trajeto UPA-Hospitalzinho-PA. Hoje, muita gente precisa ir de um a outro e não tem dinheiro para a passagem. Tem gente que chega no PA e mandam ao Hospitalzinho para aplicar injeção. Precisamos ampliar os atendimentos com especialistas também. O Centro Regional de Especialidades Médicas do Cisvale vai ajudar muito nisso, então precisamos trabalhar para que esse projeto saia do papel. Também queremos criar uma estrutura especial, no PA, para pacientes com doenças graves.
Gazeta – Para o setor de transportes e mobilidade, quais são seus planos?
Fabiano – Precisamos criar parcerias público-privadas para construir edifícios-garagem. Temos áreas ociosas no Centro que podem ser aproveitadas para isso. Hoje, a reclamação que mais escuto é falta de estacionamento. Não há como fazer rua nova em Santa Cruz, então, ou criamos uma estrutura fixa ou daqui a pouco vamos estacionar no Arroio Grande para vir ao Centro.
Gazeta – Vamos falar de segurança. O senhor propõe que a Prefeitura auxilie nas diárias dos brigadianos. Isso é viável?
Fabiano – Primeiro, temos que proporcionar que a Polícia Civil e a Polícia Federal tenham o mesmo direito de acompanhar as imagens das câmeras de videomonitoramento. Isso é para ontem. Depois, a exemplo do que acontece em Passo Fundo, vamos sim fazer um convênio para auxiliar nas diárias. Isso não quebra o município e mexe com a autoestima dos policiais. Além disso, também queremos fazer convênios, com a ajuda de empresas, para blindagem das viaturas. Todos têm interesse nisso.
Gazeta – Como conciliar a preservação do Cinturão Verde com a expansão imobiliária?
Fabiano – O que falta ao poder público é controle. Tem muita conversa, mas na prática não se vê. Se continuar do jeito que está, vamos acabar com o Cinturão Verde em dez anos. Precisamos conscientizar os grandes empresários, não existe outra maneira. Eles têm o direito de empreender, mas não podemos comprometer esse patrimônio.
Gazeta – Atualmente a vice-prefeita ocupa uma secretaria. Qual vai ser o papel da vice no seu governo?
Fabiano – A Seli (Flesch) tem um trabalho forte na educação e no social, principalmente no que toca aos deficientes. Mas ela não tem que ser secretária, tem que ser vice-prefeita. E fazer ligação com as secretarias, sobretudo as dessas áreas que ela domina.
Confira as entrevistas com os demais candidatos:
‘A política representativa está falida’, diz Afonso Schwengber
‘A cada ataque ao PT, me fortaleço’, diz Gerri Machado
‘Ou sai a Corsan ou saio eu’, diz Sérgio Moraes
‘Não há como aumentar a máquina’, diz Telmo Kirst
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