À espera dos estrangeiros

Não foi exatamente notícia, mas o anúncio de uma possível notícia bombástica. Evidências de vida inteligente extraterrestre já teriam sido encontradas, disse nesta semana um acadêmico britânico ligado à Nasa, e devem ser divulgadas de maneira oficial dentro de um mês. “Esperem e vocês verão.”

Uma dessas evidências seria um sinal de ondas de rádio, com cinco horas de duração, vindo de uma região em torno da estrela Proxima Centauri, a quatro anos-luz da Terra. Foi detectado pela primeira vez em abril de 2019, pelo radiotelescópio Parkes, na Austrália. A informação sobre tal “assinatura tecnológica não humana” partira de uma fonte do programa de pesquisa Breakthrough Listen, criado para rastrear vida inteligente no espaço.

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Não é que eu seja cético, pelo contrário. Acho pouco razoável pensar que, em um universo com bilhões de galáxias, exista inteligência (??) somente aqui. Mas a referência a “Proxima Centauri” me fez lembrar imediatamente de O Problema dos Três Corpos, série da Netflix lançada há poucos meses. Baseada em livro do chinês Cixin Liu, tem uma premissa familiar: cientista responsável por um programa de pesquisa sobre vida alienígena recebe, via radiotelescópio, mensagem vinda de Alpha Centauri, sistema de três estrelas (uma delas é Proxima Centauri) a quatro anos-luz de distância.

Logo ficamos sabendo que os extraterrestres de 3 Corpos estão a caminho da Terra. Levarão 400 anos para chegar, mas isso não é nada em termos cósmicos. E suas intenções não são as melhores. Nada de ETs pacifistas aqui: as épocas violentas necessariamente produzem um imaginário à altura. Mas talvez seja assim, pelo suposto caráter hostil, que os visitantes consigam fazer o que sempre foi sonhado e jamais realizado: unir a humanidade. Afinal, que razão pode haver nos conflitos entre países e civilizações – gente da mesma espécie – diante da presença de “estrangeiros” no sentido mais radical do termo?
Ou, se eles forem diplomáticos, por que levariam a sério pedidos ou queixas dessa ou daquela façção ideológica?

Por isso eu fico tranquilo: se o famoso asteroide não vier, quem sabe os ETs resolvam.

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