Uma professora foi esfaqueada pelas costas dentro da sala de aula. Aconteceu nesta semana, em Caxias do Sul. Os responsáveis foram dois alunos, integrantes de uma turma do 7º ano, que a atacaram na frente de outros estudantes.
Mais uma vez, tantos se perguntam “o que está acontecendo”. Lamenta-se que o ambiente escolar não é mais um oásis de harmonia em meio à violência generalizada que percebemos. Ao que parece, os adolescentes tinham uma divergência com a professora e tentaram matá-la, quer dizer: nada muito diferente do que vários adultos fazem diariamente. É só acompanhar o noticiário.
Ao mesmo tempo, tornou-se assunto a minissérie Adolescência, da Netflix. Em quatro episódios, fala sobre um garoto preso após assassinar uma colega de escola. A série chamou atenção do público, entre outras coisas, por destacar a influência perigosa de grupos misóginos – que detestam ou desprezam mulheres – abrigados na terra sem lei da internet. Porque, se há algo que o ambiente virtual já nos ensinou, é isto: a raiva contra um inimigo comum produz mais engajamento do que afeição ou coisas do gênero.
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As pessoas de minha geração nasceram em uma época analógica. Eram adultos quando ocorreu a revolução tecnológica da internet e, desse modo, tornaram-se “migrantes digitais”. E, como sabem que já existiu um mundo sem redes sociais e aplicativos de mensagens, têm mais facilidade em se afastar dessas coisas (mesmo que seja por pouco tempo).
Mas os jovens que nasceram após 2000 são “nativos digitais”. A internet é tão natural para eles como a água. É nesse ambiente que grande parte (em certos casos, a maior parte) da vida acontece. E o que encontram? À procura de identificação e pertencimento, necessidade comum na adolescência, deparam-se com grupos que fortalecem seus laços ao marcar posição contra inimigos imaginários.
Há adversários para todos os gostos: políticos, religiosos, étnicos, por questões de comportamento… Há quem se dedique a desprezar o sexo feminino, como fazem vários influenciadores digitais populares no YouTube. Seus alvos preferenciais são mulheres com mais de 30 anos, feministas e mães solteiras.
Dito isso, voltando ao episódio na escola pública de Caxias, uma pergunta: os agressores teriam agido com a mesma desenvoltura e disposição se a vítima fosse um homem?
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