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A epidemia dos bugios

Escreveu a veterinária Eva Müller, vereadora em Santiago: “Em novembro de 2008 começaram as notícias de mortes de primatas não humanos, bugios, na região de Santiago, São Francisco e Unistalda, mortes que continuaram até março de 2009. Essas mortes foram por causa da febre amarela, o que desencadeou uma nova campanha de vacinação. Na localidade de Cerro Chato encontramos muitas carcaças de bugios, perto de sangas, o que é sugestivo de que os animais procuravam água por estarem doentes.

Essa mortalidade reduziu significativamente a quantidade de bugios na região, pois não se avistou mais aqueles bandos nas matas. O que é uma lástima, pois o bugio faz parte da biodiversidade animal da região. Neste ano voltam a aparecer bugios mortos na região de Pinhal da Serra, divisa com Santa Catarina. A morte foi confirmada por febre amarela.”

Realmente: na época referida, em nossos matos começaram a aparecer bugios mortos. Foi tamanha a mortandade que nossa família e todos os peões fomos nos vacinar contra a febre amarela.

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Já se passaram vários anos e até hoje é raro o aparecimento desses simpáticos animais. Calculo que os raros que existem vieram migrando de outras localidades distantes.

Agora vejo mais claro como leva tempo recuperar a fauna em caso de destruição.

Mas o pior aconteceu por falta de esclarecimento. Eu mesmo ouvi, na fila de vacinação, várias pessoas dizendo que iam matar todos os bugios “porque eles trouxeram a febre amarela”, quando na verdade eles serviram de alerta da doença, nada mais.

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Os perdigões, que eram facilmente encontrados nos campos, literalmente desapareceram. Perdizes se tornaram muito raras, tudo por causa da caça predatória.

Inclusive muitos caçadores vinham de outras paragens para caçar em nossa região.

Eu, muitas vezes, fazia patrulha em nossos campos e peguei fama de “ser muito brabo e não deixar caçar”.

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Hoje existe já uma consciência de que não se deve caçar no campo nativo.

Graças a isso, bem devagarinho começam a reaparecer o lobo- guará, o leão-baio, os veados-campeiros e várias outras espécies selvagens. E nisso tivemos a sorte de ter os campos nativos com árvores, arbustos e gramíneas de variadas espécies, que servem de abrigo, alimentação e morada de muitos bichos.

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Tive uma longa conversa com uma médica amiga minha a respeito da pandemia.

A situação está muito perigosa mesmo. Não creio que estejamos na descendente. Se as mortes continuarem nessa velocidade, é bem possível que haja problemas de toda a ordem nas cidades, principalmente as muito populosas.

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