Depois da mobilização de candidatos e partidos, em campanha mais curta em relação a eleições anteriores, no último domingo os eleitores foram às urnas para eleger os governantes para a próxima gestão nos municípios. Se o dia foi tranquilo, dentro do considerado normal, o escrutínio dos votos imprimiu tensão inesperada. Problemas registrados junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fizeram com que os números da apuração ficassem por longo período estancados.
Os primeiros dados foram divulgados próximo das 19 horas, e depois houve longo hiato de atualização. Quando novos dados oficiais foram revelados, por volta das 23 horas, teve-se, de supetão, o resultado com 100% das urnas. Tal demora exigiu também dos jornalistas, como foi o caso em nossa equipe, empenho extra para fazer a cobertura com eficiência e sem anunciar dados errôneos: só por volta da meia-noite iniciou-se o fechamento do conteúdo para a edição da Gazeta do Sul de segunda-feira. Mesmo assim, após a equipe de produção de conteúdo seguir em atuação até as 5 horas da manhã de segunda, quando finalmente a edição estava completa, pouco tempo depois entregamos nas casas dos assinantes e nos pontos de venda avulsa uma edição especial, com duas versões de capa, uma para Santa Cruz do Sul, e outra para Vera Cruz, cidades que concentram o maior número de assinantes da Gazeta do Sul na região.
Em paralelo à eleição, outro tema dominante nos últimos dias, com intensa mobilização comunitária, é a decisão da transferência do Santuário de Schoenstatt do lugar onde se encontra, no Bairro Santuário (até o bairro assumiu o nome do endereço religioso), para o Centro. Em artigo na Gazeta do Sul de sexta-feira e nesta edição, as Irmãs frisam que não seria do desejo delas tornar esse debate público. Mas, pelo visto, o público e os fiéis entendem o contrário. Uma vez que ao longo dos anos houve convocação da energia coletiva para concretizar aquele local, o que envolveu a cedência de área… pública!, seria estranho, para dizer o mínimo, que agora tudo fosse resolvido de forma unilateral, sem ouvir justamente os que, ano após ano, eram desafiados a se engajar em ações e melhorias no local.
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A comunidade e o poder público devem ser convidados a se manifestar porque aquele espaço, o Santuário, foi idealizado para ser um ambiente de interesse público (jamais privado), o que, aliás, consta ser a própria essência da fé e da religiosidade. Se não fosse para outra coisa, ao menos para decidir pelo destino de uma área que foi cedida ao Movimento gratuitamente – e “graça” parece mesmo ser o principal atributo colocado à prova na questão…
Por fim, um fato muito grave no contexto social, registrado nessa sexta-feira em Porto Alegre, o espancamento até a morte do negro João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, em pleno Dia da Consciência Negra, reafirma a necessidade urgente, inadiável, de reflexão coletiva e de debate no âmbito da igualdade e da justiça social no Brasil. Até quando o País, a par de tudo o que reza a Constituição, seguirá com tamanha desigualdade e disparidade no tratamento e no respeito para com negros e pardos, em relação a brancos? Inadmissível!
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