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A difícil arte de ser humano

Falei várias vezes, aqui e em diversos espaços, em conversas informais com amigos e familiares: não acredito na redenção do ser humano resultante do sofrimento impingido pela pandemia. Alguns, ok, terão cuidados com a saúde, uma vida mais saudável. A maioria, no entanto, continuará ignorando pais e avós, os amigos hospitalizados, as entidades que lutam para atender os carentes.

O pedido do auxílio emergencial de R$ 600,00, destinado pelo governo federal aos mais necessitados, foi surrupiado por uma penca de inescrupulosos. É a confirmação do que eu imaginava sobre mudanças de caráter. Moro em Porto Alegre. Durante minhas idas semanais ao supermercado – único luxo, por ser do grupo de risco –, nunca vi tantos pedintes, moradores de rua e gente vendendo quinquilharias nas sinaleiras.

Essa paisagem é incapaz de transformar gente em seres sensíveis. O egoísmo – característica estimulada pelo estilo moderno de vida – é um traço difícil de apagar. Poucos ajudam o idoso, vizinho de apartamento, sozinho e sem condições de fazer as compras dos gêneros básicos de alimentação.

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Com o egoísmo florescem a ostentação, o consumismo, tão em alta em tempos de redes sociais onipresentes. Até para fazer um vídeo de lamentação vemos “altas produções”, com ambientes arrumados com objetos caros de decoração, roupas de grife e maquilagem “no capricho”.

Três ou quatro meses de sofrimento não serão capazes de transformar comportamentos de quem está pouco preocupado com o semelhante. Eleitos para cuidar da população preferem aderir a alquimias copiadas de outras culturas, climas e hábitos. Restrições são impostas ignorando-se as características de cada município.

Então, o que esperar da população que a cada semana é submetida a experimentos diferentes, assombrada e esperançosa pela garantia de que “os próximos 15 dias serão os piores”, “o pico ainda não chegou” e ficar em casa resolve tudo. Desde março, vivemos sobressaltados por uma doença nova. Mesmo assim, é instrumento para gestos de prepotência e arrogância inéditos. No nascedouro da crise, a caótica OMS não teve coragem para cobrar da China dados e informações técnicas, permitindo o contágio em escala mundial.

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No Brasil, milhões de pessoas são cobaias de plágio mal feito de outros países. Isso, somado ao egoísmo e à falência da economia, vai gerar um caldo de consequências imprevisíveis.

Rezemos!

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