Praticamente, há unanimidade de opinião acerca do evidente empobrecimento dos debates em geral, do político em especial. Um dos sinais mais expressivos dessa miserabilização se opera através da linguagem. Passo seguinte, ocorre a intoxicação de aspectos éticos e ideológicos. Baixa linguagem, decadência cultural, moralidade e política rasa interagem e se autodegradam, paulatinamente.
Parece ser um fenômeno irreversível e consequência da (inter)comunicação massiva e popular. A contrastante diversidade sociocultural das plateias e dos agentes determina o baixo nivelamento da linguagem adotada.
Em comum, a vulgaridade. A incorporação do vulgar, do grosseiro, da insolência e, às vezes, até da violência verbal rompe a barreira do razoável e contamina as ideias. Para pior!
Por exemplo, alguns políticos, em defesa própria, contra-argumentam e se autointitulam como autênticos. Ora, ora, na verdade, são apenas grosseiros. Isso quando não alegam algo irresponsável, qual seja, de que falam a linguagem do público. Logo, o que deveria ser uma tarefa de alto nível, educação e politização popular, provoca um efeito contrário e agravante. O debate desanda e as ofensas surgem inevitavelmente.
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Os diálogos necessários dão lugar aos repetitivos e agressivos monólogos. E as divergências passam a soar como insultos e provocações. Então, qual a grave consequência desse processo de rebaixamento da linguagem e do diálogo? Demagogia e intolerância.
A ironia desse processo de degradação é que ele parte e é liderado justamente por aqueles setores e mecanismos que deveriam ser exemplares. Entre tais, os poderes de Estado, a política, os partidos e os candidatos. E, por consequência, o processo eleitoral. Afinal, serão os futuros líderes e comandantes de municípios, estados e da própria nação. Mais grave: investidos nas funções formais de representação e poder de Estado.
A conjunção de fatores negativos é assustadora. Se há a degradação da palavra, dos costumes e das ideias por intoxicação e contaminação, e vigoram, afinal, a demagogia e a intolerância, restam no poder os mais servis, sob a liderança dos novos déspotas. E se afastam os cansados e os dissidentes do autodestrutivo processo. E restam vitimados a linguagem e o diálogo, o pensamento crítico e a democrática divergência.
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