Grande parcela da população brasileira está sentindo os efeitos de uma crise econômica e financeira que já dura quase dois. E não é só no aumento de preços de mercadorias, juros exorbitantes do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito e, pior ainda, eventual desemprego ou perda de negócio. Na esteira de tudo isso, aparecem ou se potencializam os problemas de relacionamento.
O dinheiro tão presente na vida de todos, essencial para a sobrevivência, incrivelmente, não é algo com o qual temos intimidade. Muitas pessoas envolvidas num relacionamento optam pelo silêncio nas questões financeiras, entendendo que o não falar sobre os problemas evita discussões, brigas, o medo e a frustração com os números, na santa ilusão de que eles não existem. Mas, às vezes, a situação fica tão difícil que não dá mais para empurrar com a barriga.
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Quando ficamos ansiosos ou estressados com as finanças pessoais ou familiares, geralmente perdemos o foco. Pressões financeiras prolongadas podem gerar problemas com o parceiros e familiares; abuso de álcool e drogas; e, também, no aumento de casos de depressão e até suicídio.
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Quando o dinheiro é escasso, é fácil ficar com os nervos à flor da pele. Muitas pessoas reagem impulsivamente. A primeira coisa, então, a verificar é como o casal lida com a questão do dinheiro. Isso pode ser mais importante do que o problema em si. Se nunca conversaram sobre questões de dinheiro, é uma boa hora para começar.
É um diálogo necessário que, mesmo entre casais, às vezes, pode ser difícil, constrangedor, de cobranças, de acusações, etc. Se serve o consolo, os antigos chineses já sabiam: a crise tanto pode ser um problema como uma solução. Ou seja, a oportunidade de deixar como está para ver no que vai dar ou de criar novos hábitos financeiros. Momentos de necessidade são a oportunidade de tomar novas atitudes, como pensar em formas criativas de levar a vida e aproveitá-la juntos, procurando a justar as finanças e manter o relacionamento.
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Nesse cenário, a jornalista e especialista em marketing digital, Daniella Gomes, sugere alguns passos que podem ajudar a superar eventuais dificuldades de relacionamento, decorrentes de problemas financeiros:
- 1º) evitar apontar um culpado e discutir: é normal existirem hábitos individuais e formas distintas de lidar com o dinheiro; por isso, usar o tempo e a energia para buscar soluções;
- 2º) preparar um plano de ações: fazer um diagnóstico da situação atual – onde é gasto o dinheiro, qual o montante da dívida, o que pode ser vendido – e, a partir dele, elaborar um orçamento;
- 3) procurar ajuda profissional: o educador financeiro que, vendo a situação de fora, poderá indicar o melhor caminho a seguir;
- 4) ser positivo e tentar diminuir a pressão: lembrar-se que, assim como vem, as crises também passam;
- 5) ter sonhos e objetivos individuais e em conjunto; mesmo que a situação esteja difícil, é fundamental ter sonhos pois os sonhos nos mantem vivos, forçando-nos a pensar e buscar maneiras de realizá-los.
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O principal aspecto para iniciar e lidar com uma crise financeira, de forma transformadora, é a humildade. Desarmar-se para entender e compreender o outro. Lembrar-se que estar num relacionamento não é “morar numa república”, onde as pessoas apenas estão sob um mesmo teto, mas tem interesses e prioridades totalmente diferentes ou até contrárias. Não deixar terminar ou esforçar-se para recuperar uma relação, desgastada por problemas financeiros, não é fácil. Mas, existindo o amor, com planejamento, transparência e diálogo é possível vencer todas as crises, inclusive a financeira.