(Hoje seria outro texto, mas o noticiário nacional da violência cotidiana me leva a reprisar este, de junho de 2022.)

Agredir alguém que está dominado, imobilizado, ou caído ao chão e sem condição de se defender: poucas coisas me provocam tanta aversão e repulsa. Reunir-se em grupo para ferir, espancar e até matar uma pessoa sozinha é ainda mais desprezível e criminoso. Mas situações desse tipo se repetem, em brigas de rua ou em “abordagens” policiais como a que resultou na morte de Genivaldo de Jesus Santos, em Umbaúba, Sergipe. Todo mundo viu as imagens da barbárie, então não é necessário repisar os detalhes.

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Atacar em bando e mirar sempre alvos mais fracos é típico dos covardes. Mas com que empáfia essa covardia costuma se apresentar… A vítima pode ser uma mulher, um idoso, uma criança de 3 anos ou um homem com mãos e pés amarrados. Não importa: o agressor não raro parece se sentir mais poderoso, valente, até orgulhoso da façanha. Alguns divulgam vídeos nas redes sociais para mostrar a coragem que tiveram ao chutar gente caída na rua – junto de mais cinco ou seis que contribuíram com a sua cota de pontapés. Uma estranha forma de realização pessoal: quanto mais o sujeito se rebaixa, mais “homem” parece se sentir.

Sim, claro, o Brasil é mais do que isso, mais do que essa brutalidade mesquinha. Mas enquanto a brutalidade continuar fazendo vítimas, fica difícil desviar os olhos. Tanto pior quando há o envolvimento de agentes da lei, do Estado, pagos pelo contribuinte para protegê-lo.

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Os policiais rodoviários que asfixiaram Genivaldo em um porta-malas cheio de gás – por 15 minutos, segundo testemunhas – sabiam o que faziam. Afinal, durante quantos minutos é preciso sufocar alguém para ter “intenção de matar”? Depois, vem sempre o mesmo teatro do absurdo, tantas vezes visto: levar o cadáver até o hospital para receber socorro…

E os defensores da violência policial não têm nem o argumento de que Genivaldo era um “vagabundo”, como gostam de encher a boca para dizer. Ele não tinha antecedentes e era pai de família, estava só dirigindo sem capacete. Como muitos que, eventualmente, esquecem o capacete e não são assassinados por isso.

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Guilherme Andriolo

Nascido em 2005 em Santa Cruz do Sul, ingressou como estagiário no Portal Gaz logo no primeiro semestre de faculdade e desde então auxilia na produção de conteúdos multimídia.

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