Uma das regiões mais enigmáticas e menos conhecidas, o mundo árabe e o entorno do Golfo Pérsico de repente ganham visibilidade graças ao esporte. Com o Catar atraindo atenções por conta da Copa do Mundo, entra no radar uma terra quase sempre ignorada, e da qual pouco se sabe ou se aprende na escola.
Povos, culturas e nações um tanto fechadas, com costumes rígidos, pouco ou nada abertos ao turismo, são, de outra parte, ricas. Riquíssimas. Detentoras das maiores reservas de petróleo do planeta, fazem fortunas com sua exportação. E por ele vivem em conflito. A ele aliam outra receita, a das pérolas, extraídas das águas do golfo.
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Se a literatura raramente contempla essa cultura, uma brasileira, a arqueóloga e pesquisadora carioca Fernanda de Camargo Moro, falecida em 2016, aos 83 anos, era profunda conhecedora daquela região. E deixou um livro maravilhoso sobre ela, Mar de pérolas.
Mar de pérolas: Dubai e os Emirados, de Fernanda de Camargo Moro. Rio de Janeiro: Record, 262 p.
A arqueóloga Fernanda de Camargo Moro (foto), em Mar de pérolas, revela o seu fascínio pelo Golfo Pérsico, com destaque imediato para a imensa enseada situada entre o Estreito de Omã (o terreno em forma de ponta à direita, no mapa acima) e, justamente, o nariz do Catar, avançado para dentro do mar, os dois extremos entre os quais se situam os Emirados Árabes Unidos. Em inúmeras ocasiões visitou essa região, e nela fez pesquisas de campo, tanto no litoral quanto nas áreas mais desérticas no interior.
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O detalhado e meticuloso relato de Fernanda acerca da realidade, do terreno e das culturas que conformam o mundo árabe e o Oriente Médio no entorno do Golfo Pérsico proporciona ao leitor uma riqueza de informações e de conhecimento sobre uma das mais antigas civilizações do planeta. Afinal, não se pode ignorar que no Norte do Golfo se situa o Iraque, terra dos rios Tigre e Eufrates. Entre eles, por sua vez, espalha-se aquela região conhecida como Mesopotâmia (termo que significa justamente entre dois rios), onde surgiu a agricultura.
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São as águas que fluem pelo Tigre e pelo Eufrates, e que deságuam no Golfo, que trazem consigo os ricos minérios, os quais, por sua vez, permitirão às ostras fazer com que se materializem as pérolas. Ao longo de séculos, mergulhadores as retiram as águas do Golfo, no litoral dos Emirados e também do Catar. Elas fizeram a fortuna desses povos, em dimensão até maior que a do petróleo nos tempos atuais. E Fernanda ainda nos familiariza com hábitos, costumes, tradições, algumas mais, outras menos justificadas, mas todas remetendo para as brumas do tempo, o mesmo das Mil e uma noites, das caravanas pelo deserto…
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A maioria das nações do mundo árabe e do Oriente Médio tem uma presença muito discreta, para não dizer quase nula, nas livrarias brasileiras. Não só poucos livros ou estudos foram elaborados ou traduzidos em realidade de Brasil sobre essa região mundial, como essas nações não lidam bem com a escrita, evitando inclusive que autores locais de alguma forma divulguem ou registrem, para fora, seus hábitos e costumes nem sempre bem aceitos ou compreendidos. Povos guiados pelo patriarcalismo, são, além de tudo, fechados em torno de suas crenças e sua religião islâmica.
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O Catar, sede da Copa do Mundo, surpreendeu a todos os visitantes que se deslocaram para esse evento com rigorosas regras para consumo de bebida alcoólica até mesmo no âmbito das arenas e dos estádios. E assim é em praticamente todos os demais lugares. De todas as nações, talvez a que mais e melhor tenha a sua literatura divulgada no Brasil seja o Irã, a antiga Pérsia, situada na margem oposta do Golfo em relação ao Catar.
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Vários, e belíssimos, romances de autores iranianos podem ser encontrados no Brasil, em edições recentes. Entre eles destacam-se Os telhados de Teerã, de Mahbod Seraji; Filhos do jacarandá, de Sahar Delijani; e Quando o Irã censurou uma história de amor, de Shahriah Mandanipour, que nos levam para dentro do Oriente Médio.
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