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A condição desumana

Não seria fora de propósito que se adotasse, em todas a instituições, uma providência urgente: reavaliar a condição humana. O que podemos ou devemos esperar daquilo que se convencionou chamar de humanidade? Em algum lugar a nossa raça parece ter se perdido, e muito feio. Mais do que exigência social, repensar a que será que nos destinamos já se revela vital até para a perpetuação da espécie, sem dúvida muito ameaçada por ela própria.

A levar-se em conta o comportamento anormal de tantas pessoas, suas inconsequências e a derrocada de princípios, é provável que a raça, de humana, tenha degenerado para algo… desumano. Não parece mesmo que nossa natureza má, ou como queiramos defini-la, fugiu completamente a qualquer controle? Bastaria uma simples lista de como temos nos conduzido em sociedade para exemplificar que as coisas vão mal.

Assassinatos, estupros, assaltos, furtos, roubos, arrastões, agressões físicas e verbais, entrega desvairada às drogas, exibições estapafúrdias em nome de pretensos direitos ou liberdades, ganância e ambição desenfreadas, anulação quase que completa de méritos, ataques terroristas em nome de deuses, fés, crenças, crendices; machadadas, pedradas, chutes, socos, pontapés, mesquinharia, ódio, perseguição, discriminação, injustiça em todas as esferas, sem esquecer de achaques e ataques nas mídias sociais ou na internet, espaço que se tornou uma espécie de terra-de-ninguém. Tudo à vista de todos, num show de horrores. O que deu no ser humano?

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Pelo que se vê, ouve e lê, ainda se poderia ter alguma esperança de dias melhores? Será que sempre foi assim? Ou será que já foi até pior, como alguns aventam? Se sempre foi assim, como acreditar numa guinada positiva? Deus, a energia original de todas, teria errado tanto assim? Mas a culpa pode ser Dele, de outrem, de alguém? Ou é só nossa, de nossa deseducação e corrupção moral? Alguns talvez lembrem de uma canção de Gilberto Gil, “A raça humana”, na qual sugere que “A raça humana é / uma semana / do trabalho de deus. / A raça humana é a ferida acesa / uma beleza, uma podridão. (…) Da perfeição divina / na grande síntese / a raça humana é / uma semana.” Eis uma síntese: daquilo que poderíamos entender como divino, o ser humano é uma migalha. Em uma semana, pelo visto, não daria mesmo para fazer algo que prestasse com essa gosma amoral que parcela da humanidade hoje revela ser. E nem mesmo a vida inteira, ou a chegada ao mundo adulto, leva à tomada de consciência.

Isso que hoje muitos parecem sequer se tornar adultos no desmundo da internet. Não estão mesmo, em meio à farra de opiniões infantis e de exibições fúteis, admitindo que o que interessa, acima de juízos ou coerências, é um “like”, uma curtida? “Curtir” e “ser curtido” parece ter se tornado razão de existir. Não seria mais pertinente cultivar as relações reais, autênticas, e parar de mergulhar nas abstrações de uma telinha? Se há chance de recuperar a humanidade, por mais óbvio que isso soe, terá de ser junto de seres humanos, e não de animalidades, e vaidades.

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