Fiz este exercício mental várias vezes. Não tem a ver com tarefa, obrigação ou algo que o sugira. Tem a ver com encantamento, com orgulho, com gratidão.
Ao retornar a Santa Cruz do Sul pela RSC-287, nós, privilegiados moradores desta terra, já sentimos o aconchego do lar logo após as primeiras curvas depois de Pinheiral. Mas e os que aqui vêm pela primeira vez? O que lhes passará pela cabeça diante do verde aveludado das copas das árvores que emolduram a entrada para a cidade?
Eu gostaria muito de poder me conectar e acessar suas impressões. Quem sabe me fariam ver nuances que os olhos do cotidiano não enxergam.
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Não vou me deter em falar dos encantos da Santa Cruz que nesta terça-feira, 28, estará completando 143 anos. São tantos e cada um haverá de elencar os seus. Do jardim que dá vida e cor ao nosso pequeno mundo particular à majestosa Catedral que remete o olhar para o infinito.
Vou pedir emprestadas impressões e diferentes visões, algumas reais, outras imaginárias. Não para diminuir um trabalho feito com esmero ao longo de gerações, mas como forma de contribuir para uma cidade ainda mais encantadora.
Coloco-me sob a percepção de quem chega a bordo de um ônibus. Vai se deparar com uma estação rodoviária ainda pouco acolhedora. Sanitários escondidos num canto, lojas desertas, instalações mal iluminadas.
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No entorno, escavações, máquinas e nova pavimentação sugerem alento. O terminal terá, em breve, acessos renovados e uma repaginação das instalações. Os visitantes – e também os usuários – agradecerão.
Sigo na visão de quem chega à cidade. Improvável que não repare em vários espaços, sobretudo privados, em situação de abandono, agressivos até à estética e à harmonia que compõem o conjunto urbano.
À frente de um imponente complexo de torres residenciais e comerciais na Rua Ernesto Alves, por exemplo, o visitante (quem sabe um potencial investidor?) encontrará pavilhões desocupados, sujos, pichados e, logo atrás, alguns animais pastando.
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Pouco acima, chegará à principal rua da cidade. Por certo estranhará alguns passeios públicos com brita e sem os canteiros de flores de que ouviu falar. Calma! Alguém vai lhe explicar. A empresa que havia vencido a licitação para executar a revitalização do Centro não deu conta do trabalho e o contrato teve que ser rescindido.
Mas, se reparar bem, já há alguma movimentação para retomada das obras por outra empresa. No final do ano, confie, a Marechal Floriano estará com outro aspecto, mais moderna e humanizada.
Nosso visitante imaginário ainda não chegou na Catedral. Mas se precisasse ir a algum sanitário público antes disso, encontraria interditadas as instalações na praça. Estão em reforma. Ainda bem. Quando reabrirem certamente oferecerão um ambiente mais adequado, limpo e bem cuidado.
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Um pouco adiante, uma dúvida. Mais minha do que do visitante: por que o plano de revitalização do Centro deixou para trás a quadra entre a Fernando Abott e a Ramiro Barcelos, a poucos metros do nosso principal ponto turístico? Justamente a que concentra as calçadas mais prejudicadas pelas raízes das tipuanas.
Sei que o atual projeto, concebido ainda na administração anterior, não contempla intervenção neste trecho. Mas bastam alguns passos e um olhar superficial para perceber que esse espaço precisa de uma atenção. Muito mais do que a quadra em frente ao Palacinho, que está em boas condições.
Em breve, dada a qualidade de gestão e a capacidade de investimento do município, essas questões estarão superadas e a cidade ficará ainda mais radiante e aprazível.
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Mas restará um desafio maior. Não para quem vier nos visitar. Mas para as milhares de pessoas que trafegam todos os dias em idas e vindas aos bairros do lado sul e no acesso ao Distrito Industrial. A congestionada Avenida Euclydes Kliemann e as vias no entorno precisam de uma solução. Será onerosa, certamente. Mas é inevitável.
Até quem só estiver de passagem se sentirá privilegiado por poder trafegar por uma cidade que preza, além do verde abundante e dos canteiros floridos, pela mobilidade e pela segurança no trânsito.
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