Gazeta – O senhor defende renovação e uma política diferente, mas dificilmente terá maioria automática na Câmara de Vereadores. Reconhece que, se eleito, terá que fazer acordos com outros partidos?
Gerri – Se não tivermos maioria, é lógico que vamos ter que construir. Mas tem modos e modos de fazer isso. Tem políticos que compram maioria. Nós achamos que podemos construir isso com bons projetos para a cidade.
Gazeta – Recentemente, houve o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a denúncia do ex-presidente Lula pelo MPF. Isso o prejudica?
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Gerri – Sinceramente, a cada ataque ao PT e à democracia, me fortaleço como candidato. Eu sinto isso na sociedade, que reconhece que houve um golpe contra a Dilma, plantado por corruptos para tirar quem estava combatendo a corrupção. Mas minha pauta é a cidade, e não as crises nacionais.
Gazeta – O senhor prometeu um secretariado 50% feminino. Os partidos dispõem de quadros para isso?
Gerri – Primeiro, meu governo não será coordenado por partidos. Pretendo fazer um governo com muito mais gente sem partido. Segundo, ter um secretariado 50% feminino é um comprometimento com o empoderamento das mulheres. É preciso dar espaço para elas, senão é só discurso. Temos milhares de mulheres competentes em Santa Cruz.
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Gazeta – O que o senhor tem em mente em termos de reforma administrativa da Prefeitura?
Gerri – Hoje temos muitas secretarias que se sobrepõem. Por exemplo, Secretaria de Obras com Secretaria de Transportes. Além disso, a Habitação estaria muito melhor com o Planejamento do que com o Desenvolvimento Social. Então, vamos chamar técnicos e ver o que podemos compatibilizar para reduzir despesas e encolher a máquina pública. E claro que precisaremos criar outros espaços, para desenvolver políticas públicas que hoje não são desenvolvidas. Uma delas é a Secretaria de Cultura, que vamos criar a partir da extinção da Secretaria de Comunicação Social, que foi criada apenas para empregar alguém.
Gazeta – O senhor também fala em modificar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
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Gerri – Essa secretaria, no formato que está hoje, é totalmente ineficiente. Desenvolvimento econômico se faz com política de longo prazo, sem estar refém do humor do governante. Por isso precisamos de um espaço com funcionários de carreira, com representação de ACI, Assemp, Novos Rumos, Unisc e todas as entidades que queiram participar. Acho que o ideal seria uma agência de desenvolvimento, local e regional. Há vários exemplos de municípios que fizeram isso e deu certo.
Gazeta – O senhor diz que vai exigir que o governo federal duplique a BR–471, mas o trecho urbano foi municipalizado pelo governo Telmo.
Gerri – Vou entregar de volta para a União. O município não tem como assumir isso. A duplicação custa mais de R$ 50 milhões, de onde vamos tirar? É um equívoco, uma irracionalidade de quem fez isso. Todos os prefeitos estão entregando coisas para o Estado e a União. Nós estamos pegando e fazendo uma gestão pífia.
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Gazeta – No seu plano, o senhor fala em criar mil vagas em creches, construir 1,5 mil casas e pavimentar todas as ruas que não têm calçamento. Há recursos para tudo isso?
Gerri – Não estou apresentando nada vazio. Vamos, por exemplo, criar um programa de pavimentação e cada um dos deputados gaúchos do PT pode destinar R$ 1 milhão por ano. Eu tenho relação com eles a ponto de conseguir isso. Podemos buscar recursos diretamente do governo federal também, assim como acessar fundos internacionais. Quando eu fui secretário, consegui recursos para oito creches, e o atual governo, porque é incompetente, só fez duas. Assim que eu vencer, vou a Brasília negociar para que não tenhamos que devolver esse dinheiro. Quanto às casas, já temos dinheiro em caixa, que deixamos do PAC, para fazer 500. Vamos licitar já em janeiro ou fevereiro. E espero que o programa Minha Casa, Minha Vida seja retomado, porque temos competência para apresentar projeto de um novo loteamento.
Gazeta – O seu partido apoiou a assinatura do contrato de 40 anos com a Corsan. Como garantir que o contrato seja cumprido?
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Gerri – Basta sentar com a Corsan e dizer: ou vocês fazem o que têm que fazer, ou vão embora. Eu tenho certeza de que a Corsan vai fazer. Trouxemos o Marco (Schorner) para ser meu vice, justamente porque ele tem uma experiência grande na área de saneamento e uma relação antiga com a Corsan. Em paralelo a isso, vamos fazer um programa para a construção de reservatórios.
Gazeta – 2016 é o ano mais violento da história de Santa Cruz. Como a Prefeitura pode contribuir para reduzir a criminalidade?
Gerri – Vamos intervir em várias frentes, criando uma ampla política municipal de segurança pública. Quero a Guarda Municipal fazendo policiamento de rua. Também pretendemos buscar recursos para dobrar o número de câmeras de vigilância e criar projetos sociais. E achamos que o Presídio Regional está em um local inadequado, principalmente porque a cidade precisa crescer para aquele lado. Vamos lutar para que seja transferido.
Gazeta – Com a inauguração da UPA, o que passa a ser prioridade em saúde?
Gerri – Hoje faltam equipes trabalhando nas unidades e nas Estratégias de Saúde da Família. Precisamos de uma política de prevenção muito forte e nos faltam profissionais. Além disso, o atual prefeito prometeu reduzir a espera por exames e consultas, mas aumentou. Isso faz com que a internação hospitalar aumente. Também vamos tratar com seriedade o problema dos hospitais. O atual governo fez superavit quebrando os hospitais.
Gazeta – Como conciliar a preservação do Cinturão Verde com a expansão imobiliária?
Gerri – Isso se faz com bom planejamento urbano. Vamos organizar a Secretaria de Planejamento para que a fiscalização seja mais eficiente. Nossas áreas verdes se tornaram pedra. Não temos comprometimento com nenhum empresário do setor imobiliário, que pode muito bem se expandir para outras áreas.
Gazeta – Como atender às expectativas do funcionalismo e manter uma relação tranquila com a categoria?
Gerri – Muitas demandas dependem de o prefeito ter disposição em valorizar o servidor. O atual governo investiu em coisas desnecessárias. Poderia ter investido em plano de saúde para o servidor, como prometeu, mas não aconteceu. Poderia ter investido em plano de carreira, mas não aconteceu. Nós acreditamos que, fazendo a cidade crescer, teremos mais arrecadação e condição de tratar melhor o servidor. Eu vou, por exemplo, regulamentar o piso do magistério.
Gazeta – O que será prioridade na área de transporte?
Gerri – Não teremos política de trânsito, e sim de mobilidade urbana. Vamos criar, por exemplo, um plano de recuperação de calçadas e acessibilidade. Também queremos devolver cada vez mais as nossas praças à população, oferecendo internet grátis para que as pessoas se apropriem do espaço público.
Gazeta – E quanto ao transporte coletivo?
Gerri – Vamos exigir várias coisas. Precisamos de linhas que integrem todos os bairros. Hoje tem gente que pega três ônibus para ir trabalhar. Também vamos ampliar o horário das linhas, porque é preciso ter ônibus durante toda a madrugada, e implantar um Azulzinho, que é um micro-ônibus mais rápido. Nas minhas andanças, também ouvi muitos pedidos de paradas de ônibus, e é preciso, no mínimo, um aplicativo de celular funcionando, indicando os itinerários. Quero ainda estudar a possibilidade de parcerias com a iniciativa privada para construir estacionamentos no Centro. Outra coisa: no meu governo, não vamos permitir aumento de tarifa. E as empresas que berrem. Vou tratar de maneira ditatorial essa questão.
Gazeta – Atualmente, a vice-prefeita ocupa uma secretaria. Qual vai ser o papel do vice no seu governo?
Gerri – Não definimos se ele vai assumir secretaria ou não. O que definimos é que ele vai me ajudar na gestão do município. No início, ele vai cuidar da questão da água. Depois, assumirá outros projetos. Preciso dele porque quatro anos é muito pouco tempo para tudo que planejamos.
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