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FORA DE PAUTA

A arte de grenalizar a vida

Muito tem se falado que existe uma polarização nas eleições deste ano. E não é uma inverdade. Desde que começaram a surgir os nomes para postular o cargo máximo do país, dois têm sido tratados com certo destaque, tanto pelos eleitores quanto por partidos políticos e pela mídia.

Na verdade, quem tem um pouco de memória lembra que, desde a redemocratização, sempre houve polarização. Numa eleição: Collor e Lula; depois, duas vezes Fernando Henrique Cardoso e Lula; então Lula e Serra, Alckmin e Lula, Alckmin e Dilma, Aécio e Dilma e Bolsonaro e Haddad. Agora, Bolsonaro e Lula. Além da memória, quem tem um pouco mais de idade ou foi às aulas de História também sabe que o período anterior era assim. Cito Arena e MDB, durante o período do regime cívico-militar, que geriu o Brasil entre 1964 e 1985.

Não faltou foi disputa. O país grenalizou na política. Nem sempre o nível foi mantido. Vez por outra, o foco maior era o ataque, em detrimento da apresentação de propostas. Ainda assim, na medida do possível, a paz seguiu e assim deve ser. Mas, recentemente, a ira tem superado a coerência no debate político. Já somamos mortes por discordância ideológica. É ridículo; é vergonhoso; é triste. Ninguém precisa concordar. Somos seres pensantes, podemos formar a nossa opinião a partir de nosso conhecimento, da bagagem cultural que temos, dos grupos com os quais convivemos e das informações que recebemos. O importante é saber respeitar a opinião diversa.

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Os santa-cruzenses são bons em entender que existe polarização. No futebol, escolhem entre duas árvores como estádio. Ou defendem os Plátanos ou torcem nos Eucaliptos. Ainda têm a disputa dos mascotes penosos: é Galo de um lado contra o Periquito do outro. E quando um bate muito as asas, o outro fecha o bico, porque, assim como instituiu o jornalista Lauro Quadros, no futebol existe a gangorra Gre-Nal, que pode ser aplicada a todos os grandes clássicos mundo afora.

Passados os 90 minutos, com vitória do melhor em campo, quem ganha comemora, quem perde chora e espera o próximo clássico, e a vida volta ao normal, com todos trabalhando juntos para fazer de Santa Cruz um lugar bom para se viver. Assim deve ser o pleito do domingo, 2 de outubro. Escolhendo um ou outro lado, neste quase plebiscito que virou a eleição presidencial, o importante é que se faça isso com a consciência de que está agindo pelo melhor para o Brasil, sem paixão, sem briga, sem agressões.

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Defendamos, todos, a liberdade de escolha, o fortalecimento da democracia e, como no futebol, comemorem os vencedores, lamentem os perdedores e que, a partir de janeiro, todos trabalhem juntos por dias melhores.

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