Há alguns anos vem crescendo no mundo e também no Brasil a procura por produtos orgânicos, ao mesmo tempo em que diversos movimentos lutam pela redução no uso de agroquímicos na produção de alimentos. Essa mobilização acaba gerando reflexos em outros setores agrícolas, como o tabaco.
Em Camaquã, na região Centro-Sul do Rio Grande do Sul, um agricultor aposta na produção de tabaco orgânico e garante que, apesar do trabalho dobrado, o resultado compensa. A propriedade do fumicultor Luiz Cleverson Schneider, 31 anos, fica na Estrada Vila Aurora Olaria, distante cerca de 2 quilômetros da zona central de Camaquã.
Nos 8 hectares de área estão 120 mil pés de tabaco, plantados entre maio e julho deste ano. Schneider explica que, para receber a certificação de orgânico, além da proibição de qualquer tipo de defensivo agrícola na lavoura, é vedada a utilização de adubos químicos. Para fertilizar a terra, apenas a cama de aviário é usada como adubo orgânico.
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Além disso, o solo passa por vistoria e precisa estar livre de resíduos químicos há pelo menos 36 meses. A fiscalização é feita por uma empresa francesa. “Se ela achar qualquer indício de defensivo aqui durante a análise, eu posso perder a certificação e, se isso ocorrer, não posso mais ser certificado como produtor orgânico”, ressalta Schneider.
Para consumo próprio, a família ainda planta milho, feijão e batatinha, em área separada e também com o mínimo possível de agroquímicos. Para dar conta do trabalho, atuam ainda a esposa Solange e outros quatro funcionários. Em relação ao plantio tradicional, o esforço necessário é maior.
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“É bem mais trabalhoso. Alguns até dizem que somos loucos por preferir um trabalho tão braçal e não nego que muitas vezes já tive vontade de desistir. Mas acaba valendo a pena”, afirma Schneider. Quando da comercialização junto à empresa Japan Tobacco International (JTI), amostras do tabaco já pronto são encaminhadas para análise e, estando tudo correto, o produtor recebe um bônus de 60% sobre a nota.
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A colheita já começou em Sertão Santana
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Distante cerca de 70 quilômetros de Camaquã, o município de Sertão Santana destaca-se pela produção de arroz e também no tabaco. Por lá, agricultores que fizeram o plantio em abril e maio já iniciaram a colheita e comemoram os bons resultados. Na propriedade da família Rodarski, localizada em Linha José Evaristo, os 52 mil pés plantados em 6 hectares já estão na segunda apanha. O fumicultor Lucas Rodarski, 26 anos, dá continuidade ao trabalho dos pais, Liege e Olavo, no cultivo da terra.
Além da família, outros trabalhadores são convocados conforme a necessidade para a colheita e a secagem, que é feita em três estufas convencionais, de forno a lenha. Para consumo próprio, ainda há o plantio de milho, feijão e outras hortaliças, bem como a criação de animais. Um cenário semelhante é visto na propriedade do casal Rafael Escouto, 29 anos, e Letícia Backaus, 24, localizada em Linha Saint Brisson. Apesar do risco de geada, os agricultores fizeram o plantio no dia 5 de maio e devem iniciar a colheita na próxima semana.
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