Passados mais de oito meses desde o início da pandemia do novo coronavírus, muito já foi esclarecido a respeito da doença. Entretanto, a testagem para detectar a presença do vírus ou a produção de anticorpos para ele ainda é uma questão que motiva dúvidas na população. Além do teste rápido – o mais conhecido e utilizado – e também do teste de laboratório (RT-PCR), ainda podem ser utilizados exames de imagem na tentativa de confirmar o diagnóstico. Para definir qual deles deve ser aplicado, o critério é o estágio de infecção em que o paciente se encontra.
Em média, o ciclo do SarsCoV-2 (coronavírus) dura 14 dias no corpo humano e é dentro desse período que deve ocorrer a testagem (veja na imagem abaixo). Mais comum e acessível à população, o exame sorológico – ou teste rápido – tem a capacidade de detectar se a pessoa já teve contato com o vírus e, assim, desenvolveu anticorpos. Ele deve ser aplicado ao final do ciclo, entre o 10º e o 14º dia, para ter resultados mais precisos e confiáveis. Portanto, quando um paciente apresenta resultado positivo no teste rápido, isso significa que o ciclo do vírus já está no fim ou mesmo se encerrou naquela pessoa.
Outro tipo de exame possível é o RT-PCR, popularmente conhecido como teste de laboratório. Ao contrário do sorológico, esse deve ser empregado logo no início da infecção (entre o terceiro e o sétimo dia), quando normalmente aparecem os primeiros sintomas. “Essa doença tem um período de infecção muito curto, então o PCR serve para detectar o vírus também num período curto, em que ele está no nosso organismo”, explica a professora Andreia Rosane de Moura Valim, diretora de Inovação e Empreendedorismo da Unisc e também doutora em Biologia Celular e Molecular.
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É importante destacar a diferença entre esses dois testes, que possuem aplicações distintas. “Ele (o PCR) detecta a presença do vírus no organismo. Se ele der positivo, de fato o vírus ainda está no organismo, o que é diferente do teste rápido, que detecta os anticorpos”, frisa Andreia. Ela destaca ainda que é possível os resultados apresentados divergirem. “Eu posso ter um teste PCR positivo e não ter anticorpos ainda, porque não deu tempo de produzir esses anticorpos”, explica.
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Para confirmar os óbitos causados pela doença e contabilizá-los, contudo, são observadas também as condições clínicas do paciente e outros exames, como tomografias dos pulmões, bem como outras condições epidemiológicas. “Essa tríade muitas vezes confirma ou descarta casos e também óbitos. Nunca é isolado, não se faz uma avaliação isolada”, explica Tani Ranieri, chefe da Vigilância Epidemiológica no Rio Grande do Sul. Como exemplo, ela cita o caso hipotético de uma pessoa com diagnóstico confirmado para Covid-19 e que morre em um acidente. Apesar de portar a doença, ela não foi a causa do óbito e, portanto, não será contabilizada.
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A respeito da liberação dos corpos para velório e enterro – questão que tem gerado polêmica –, Tani afirma que a pandemia exige uma abordagem diferente. “Se há suspeita, não precisa nem confirmação. Na suspeita de Covid-19, ou seja, na possibilidade de a pessoa ter ido a óbito estando com o vírus, os protocolos para manejo desse corpo e para velório devem ser empregados.” Essa é uma medida de proteção e prevenção, com o objetivo de evitar novos contágios.
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