O mundo digital parecia promissor no final dos anos 2012, quando os grandes players começaram a desembarcar no Brasil para vender e-book (livros digitais). Quando chegaram, encontraram empresas brasileiras, que depois desapareciam ou seriam incorporadas por outras maiores, já tentando fazer o formato vingar.
Hoje, oito anos depois, a venda de conteúdos digitais representa 4%, na média, do faturamento das editoras brasileiras. Nos Estados Unidos, os e-books representam cerca de 25% do mercado de livros, índice similar ao da Inglaterra. Em outros países europeus, eles ficam em torno de 10%.
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O desempenho do setor foi apresentado nessa terça-feira, 25, pela Câmara Brasileira do Livro e pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros, na pesquisa Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro, feita pela Nielsen Book com base em metodologia internacional e informações de 2019 fornecidas pelas editoras. A comparação foi feita com o primeiro levantamento do setor, o Censo Digital de 2016. Esta nova pesquisa passa a ser anual.
Em 2019, as editoras faturaram R$ 103 milhões com a venda de e-book, audiolivro e outros tipos de materiais digitais, um aumento de 140% em três anos – descontada a inflação, o crescimento fica em 115%. Desse valor, R$ 71 milhões dizem respeito à venda a la carte e o restante corresponde a outros modelos de negócios como bibliotecas virtuais (R$ 28 milhões), cursos online (2,5 milhões) e conteúdo fracionado (R$ 15 mil). Os serviços de assinatura renderam às editoras R$ 792 mil – 60% para e-books e 40% para audiolivros.
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No total, foram vendidas 4,7 milhões de unidades digitais, um crescimento de 67% em relação à pesquisa anterior, e o livro digital lidera as vendas, com 96% do volume. Se analisado o faturamento, o e-book fica com 98%.
Segundo o levantamento, que dividiu o mercado em ficção, não ficção e CTP (Científico, Técnico e Profissional) e excluiu os didáticos, cujas vendas neste formato são praticamente nulas, há 71 mil títulos digitais disponíveis no País – 37% a mais do que tinha em 2016. Desses títulos, 96% correspondem a livros na versão digital e 4% são audiolivros.
Em termos de acervo de e-books, há 28 mil títulos de CTP, 22 mil de não ficção e 18 mil de ficção. Somados, ficção e não ficção respondem por 60% das vendas totais. Quando analisado apenas o setor de audiolivros, a categoria de não ficção ganha ainda mais importância: ela representa 70% das unidades vendidas. E 86% do faturamento com os audiolivros vêm de serviços de assinatura.
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Em 2019, foram lançados 8,9 mil novos títulos – 92% deles em e-books e 8% audiolivros. Isso demonstra um investimento do mercado em audiolivro, que começou a ganhar importância mais recentemente – em 2017 no mundo e no ano passado aqui.
Para Marcos da Veiga Pereira, presidente do Sindicato Nacional de Editores de Livros, a curva de crescimento do mercado de livros digitais no Brasil não saiu conforme o esperado lá atrás. Os chamados devices de leitura não eram uma novidade tão especial quando foram importados ou começaram a ser produzidos aqui e o mercado já caminhava para tempos sombrios. Nesse meio tempo, a Cultura, que entrou na disputa digital ao fazer uma parceria com a canadense Kobo, e a Saraiva, que lançou o LEV, entraram em recuperação judicial.
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Por outro lado, nesses últimos três anos houve aumento no faturamento das editoras com conteúdos digitais enquanto o mercado de livros tradicionais, que é mais relevante, tem registrado queda. E isso ainda deve ser visto nas próximas pesquisas. “No momento estamos trabalhando para reverter a queda nas vendas nos primeiros 60 dias da pandemia e tentar zerar o desempenho do livro físico. E sabemos que o digital vai estourar”, diz.
Pereira, para quem o livro digital é o formato preferido do leitor mais ávido e o audiolivro, que já representa 30% do mercado americano, para um novo tipo de leitor. Vale lembrar que nos Estados Unidos, os e-books estouraram no começo da década passada, mas estão em queda no momento.
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