Neste ano, a Semana Mundial do Aleitamento Materno não terá programação em Santa Cruz do Sul em função da pandemia do novo coronavírus. O município optou por não realizar eventos, nem mesmo em formato online, no momento atual. Já o governo do Estado programou seminários online, gratuitos e abertos à população.
A enfermeira do Centro Materno Infantil (Cemai) de Santa Cruz, Maitê da Silva Lima, ensina que o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade do bebê é preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde. O indicado é que a amamentação seja prolongada por até dois anos ou mais, quando a criança já come também outros alimentos.
A importância do aleitamento vai além da nutrição. O leite materno é considerado o alimento padrão ouro, possui todos os nutrientes e garante a imunidade de que o bebê precisa. “A gente o considera a primeira vacina que o bebê recebe. As doenças com que a mãe já teve contato na vida geram anticorpos, e ela acaba passando essa defesa para o bebê através do leite. Ele protege e coloniza o intestino da criança com bactérias boas que vão ajudar na digestão e a prevenir doenças naquele indivíduo”, explica a enfermeira.
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A amamentação protege a criança de doenças como diarreia, infecções respiratórias e alergias, e também diminui o risco de desenvolver hipertensão, colesterol alto, diabetes, sobrepeso e obesidade na vida adulta. “Além do vínculo, do apego, do carinho que a criança sente quando é amamentada, passa por várias nuances. Vários aspectos da nossa vida, indo muito além da nutrição”, ressalta.
Segundo Maitê, um dos problemas ainda é a falta de informação em relação ao leite materno. “Muitas desmamam os filhos muito cedo, por desconhecimento em relação à importância do leite e o que fazer. E as pessoas, muitas vezes, não sabem como conduzir uma situação e levam ao desmame precoce. A média nacional é de menos de dois meses de amamentação exclusiva.”
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Dicas para as mamães
Segundo a doutora em Pediatria Fátima Souza, os problemas enfrentados durante o aleitamento têm solução e as mães precisam ser ajudadas. “A dor é um motivo importante de insucesso. Além da técnica correta, dos tratamentos, de várias orientações importantes, do contato próximo com o pediatra e obstetra, da observação da mamada e da consultoria, o suporte psicológico é fundamental para superar essas dificuldades. Nem sempre é fácil, é cansativo, depende também do temperamento do recém-nascido essa interação”, ressalta.
A médica acredita que a mãe deve estar confiante e contar com o apoio do companheiro ou de uma avó. “A disponibilidade afetiva para amamentação depende de muitos fatores. Cada caso tem sua individualidade, jamais a mãe poderá ser culpada por não ter conseguido amamentar, o vínculo afetivo se formará da mesma forma.”
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A licença-maternidade é de seis meses, tempo em que é recomendado o aleitamento materno exclusivo. Depois desse período, com o retorno ao trabalho, a mãe pode começar, de forma lenta e gradual, a oferecer outros alimentos, mantendo o leite materno até os 2 anos de idade. Ela pode também fazer a ordenha do leite, conservando-o na geladeira durante 12 horas ou no freezer por até 15 dias.
Segundo a pediatra, a amamentação é a medida isolada mais efetiva para reduzir a mortalidade em crianças menores de 5 anos, trazendo impacto positivo para o desenvolvimento infantil.
Já para a mãe, na primeira hora depois do nascimento, auxilia na diminuição do sangramento e na descida do leite pela liberação de ocitocina. “As mulheres que amamentam têm menor incidência de câncer de mama, ovário, diabetes tipo 2, osteoporose, retenção de peso e depressão.”
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As dificuldades mais comuns
Dor na amamentação: a causa mais frequente é a pega incorreta, quando o bebê introduz na boca apenas o mamilo e não a aréola, provocando traumatismos mamilares. Como consequência, haverá interferência no reflexo de ejeção do leite, diminuindo sua quantidade para o bebê.
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Traumatismos mamilares: fissuras, equimoses, crostas, candidíase. A causa principal é a pega incorreta e a sucção inadequada com forte pressão sobre os mamilos. Entre as medidas preventivas estão adotar uma técnica correta, manter mamilos secos e hidratados, não usar sabão, álcool ou pomadas, e amamentar com frequência. A mãe deve continuar amamentando, iniciando pela mama menos afetada, em posições diferentes para reduzir a pressão nos pontos dolorosos. Também deve evitar uso de protetores.
Ingurgitamento mamário: observar se o bebê está mamando adequadamente, corrigir a pega, aleitar com mais frequência, usar sutiã com alças firmes e largas, massagear as mamas e retirar o excesso de leite por ordenha. Às vezes é necessário uso de analgésicos.
Mastite: a mama fica quente, dolorosa e hiperemiada. Paciente terá febre e mal-estar. É necessário o uso de antibiótico nesses casos.
Abscesso mamário: geralmente ocorre em decorrência de mastite não tratada. Necessita de acompanhamento médico.
Bloqueio dos ductos lactíferos: pode ocorrer pela pega incorreta, obstrução dos poros mamilares por cremes ou pomadas, ou ainda por variações anatômicas na mama.
Mamilos planos ou invertidos: há manobras para protrair os mamilos. É preciso contar com orientação e auxílio do pediatra, obstetra ou profissional capacitado.
Disfunção motora oral: bebês prematuros, por exemplo, ou de baixo peso, podem apresentar sucção frágil e hipotonia.
Baixa produção de leite: é uma queixa frequente, mas raramente se constitui em um problema real. A melhor conduta é observar a mamada para descartar problemas de técnica e manejo.
Atividades online
Para marcar a Semana Mundial do Aleitamento Materno e o Agosto Dourado, a Secretaria da Saúde (SES) promove o 12º Seminário Estadual da Semana Mundial de Amamentação, o 7º Seminário Estadual da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, e outros eventos alusivos ao tema. Em tempos de pandemia, a programação será inteiramente online e aberta a toda a população, sem necessidade de inscrição prévia. As atividades podem ser conferidas no site da SES (saude.rs.gov.br).
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