Para muitos, o final de um ano e início de outro é tempo de reflexão e de estabelecer novos propósitos de vida. Para alguns é uma passagem mágica; para outros, apenas troca de calendário. Há quem tenha até uma receita.
Nosso grande poeta Carlos Drummond de Andrade, falando sobre “o tempo”, ponderou que “Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.” Preferes cansar, entregar os pontos, ou depositar no ano novo boas intenções para uma vida mais serena, mais repleta de bons conteúdos?
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Katharina Elisabeth Goethe (1731-1808), mãe do grande clássico da literatura alemã e universal, Johann Wolfgang von Goethe, até criou uma receita para um novo ano:
“Neujahrsrezept: Man nehme 12 Monate, putze sie ganz sauber von Bitterkeit, Geiz, Pedanterie und Angst und zerlege jeden Monat in 30 oder 31 Teile, so dass der Vorrat genau für ein Jahr reicht. Es wird ein jeder Tag einzeln angerichtet aus einem Teil Arbeit und zwei Teilen Frohsinn und Humor. Man füge drei gehäufte Esslöffel Optimismus hinzu, einen Teelöffel Toleranz, ein Körnchen Ironie und eine Prise Takt. Dann wird das Ganze sehr reichlich mit Liebe übergossen. Das fertige Gericht schmücke man mit einem Sträußchen kleiner Aufmerksamkeiten und serviere es täglich mit Heiterkeit!”
Receita de ano novo: “Toma-se 12 meses, limpa-se os totalmente de amargura, mesquinhez, pedantismo e medo e se decompõe cada mês em 30 ou 31 partes, de modo que o suprimento seja suficiente para um ano. Prepara-se cada dia individualmente com uma parte de trabalho e duas partes de alegria e de humor. Adicionam-se três colheres de sopa cheias de otimismo, uma colher de chá de tolerância, um grãozinho de ironia e uma pitada de tato. Então se rega tudo generosamente com amor. Decora-se o prato pronto com um buquezinho de pequenas gentilezas e serve-se diariamente com serenidade.” Katharina Elisabeth Goethe (1731-1808).
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Pensando em receita, qual seria a tua receita para 2025? O grande poeta português Fernando Pessoa diria: “Segue o teu destino, rega as tuas plantas, ama as tuas rosas.” Eu não tenho receita, mas seguirei meu destino e continuarei a cultivar alma serena, bem-querer por meu lugar de viver, regando plantas, amando a vida. Mas também estou receptiva ao novo, ao que a sorte quiser me ofertar. A esse respeito o famoso escritor e humorista alemão Wilhelm Busch – criador das primeiras histórias ilustradas (1859) e das conhecidas personagens Max und Moritz – propõe:
“Will das Glück nach seinem Sinn
Dir was Gutes schenken,
Sage Dank und nimm es hin
Ohne viel Bedenken.
Jede Gabe sei begrüßt,
Doch vor allen Dingen:
Das, worum du dich bemühst,
Möge dir gelingen.” Wilhelm Busch (1832-1908)
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“Se a sorte, por sua natureza, quiser te dadivar com algo bom, aceita agradecido, sem muita preocupação. Todo presente é bem-vindo. Mas, acima de tudo, que sejas exitoso em tudo pelo que te esforçares.” (traduzido por mim).
Associada ao pensamento de Busch – estimada leitora, estimado leitor –, eu te desejo lindas dádivas, todavia, acima de tudo, eu te desejo empenhos exitosos por tua vida e pela vida no coletivo em que tua vida está inserida.
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