Nas últimas semanas, os canais de comunicação da Gazeta do Sul e do Portal Gaz têm recebido diversos relatos de que as árvores frutíferas de verão estão produzindo menos em relação aos anos anteriores. Um dos exemplos mais perceptíveis são as pereiras localizadas nas calçadas de Santa Cruz do Sul, com destaque para as ruas Coronel Oscar Jost e Paul Harris. Em outros anos, o entorno das plantas costumava ficar lotado de frutos espalhados pelo chão, situação que não se verifica em 2025.
De acordo com o professor Andreas Köhler, do curso de Ciências Biológicas da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), trata-se de uma soma de fatores. Em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9, Köhler salientou que algumas espécies intercalam períodos de produção maior e menor. As mudanças climáticas, no entanto, são apontadas por ele como o principal fator para as alterações percebidas pela população no comportamento dos vegetais.
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“Tivemos nos últimos anos eventos climáticos extremos aqui no Rio Grande do Sul. E uma das mudanças que está se vendo em nível mundial é uma redução na quantidade de insetos”, observa.
Para exemplificar, o professor lembra que nas décadas passadas era comum a parte frontal dos veículos ficar tomada de insetos durante as viagens; hoje, isso não ocorre mais. “Isso mostra na prática o que está acontecendo no mundo inteiro: uma diminuição da presença dos insetos.”
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As abelhas não passam ilesas por esse problema. Segundo Köhler, o grupo de pesquisa coordenado por ele acompanha as espécies sem ferrão existentes na zona urbana há mais de 20 anos e hoje elas praticamente não existem mais. “Acabamos com as colmeias em razão das mudanças climáticas, poluição do meio ambiente e também a arquitetura das construções, que não deixa mais espaço para esses animais.”
Lembra ainda que as abelhas são as responsáveis por polinizar as plantas e garantir a produção de frutíferas. “Quem tem uma horta em casa também está percebendo essas mudanças e a produtividade, que está caindo.”
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A mortandade das abelhas também provoca efeitos na apicultura. Recentemente o presidente da Cooperativa dos Apicultores Familiares do Brasil (Copromel), José Carlos Haas, revelou que a produção no Vale do Rio Pardo está quase zerada em razão da baixa floração da uva-do-japão. “De novo, essas alterações são ocasionadas pelas mudanças climáticas e pela poluição da natureza.”
Falta de manejo adequado
No caso das frutíferas nas vias públicas de Santa Cruz, além das mudanças climáticas e da poluição, as plantas sofrem com a falta de manejo adequado. As pereiras na Coronel Oscar Jost, Paul Harris e Rua do Moinho, por exemplo, foram plantadas entre o fim dos anos 1970 e início dos anos 1980, durante o governo de Arno Frantz.
Ao longo do tempo, as árvores não receberam a manutenção adequada e morreram ou encontram-se doentes e com muitas ervas parasitas. Essa situação colabora com a baixa na produtividade e na qualidade dos frutos.
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Colaborou o jornalista John Kaercher Machado
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