Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

Homenagens

Pandemia não impede demonstrações de fé no Dia do Colono e Motorista

Foto: Rafaelly Machado

Em uma cabine suspensa por um guindaste, padre Maurizan do Nascimento abençoou os motoristas e seus veículos na manhã desse sábado na rótula do 2001, em Santa Cruz

O tradicional feriado do dia do Colono e do Motorista, comemorado anualmente no dia 25 de julho para festejar a chegada dos primeiros imigrantes alemães à região e para homenagear os motoristas, teve contornos diferentes neste ano, em função da pandemia do novo coronavírus. As populares e animadas festas das comunidades do interior de Santa Cruz do Sul, que são tradicionais, deram lugar a novas formas de confraternização, observando os protocolos de distanciamento e higiene.

Na Paróquia Ressurreição, no Bairro Universitário, que organiza uma das maiores comemorações do município, as festividades começaram cedo, na gelada e úmida manhã de sábado. Às 9 horas, foi celebrada uma missa em frente à igreja – que está em reforma –, enquanto os carros, caminhões e ônibus preparavam-se para a carreata. A chuva que caiu durante a madrugada e nas primeiras horas da manhã deu uma trégua e até mesmo o sol apareceu, ajudando a aquecer quem estava nas calçadas aguardando o desfile de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas.

LEIA MAIS: VÍDEO: Ressurreição festeja Colono e Motorista

Publicidade

Centenas participaram da carreata em homenagem a São Cristóvão | Foto: Rafelly Machado

A coordenadora da Paróquia Ressurreição, Clarissa Overbeck Weigel, explicou que muitas coisas precisaram ser adaptadas, em função da pandemia e também pelas obras que estão sendo realizadas na igreja, o que impediu sua utilização, mas não a comemoração. “É uma festa tradicional, a maior aqui da paróquia. Tivemos que adaptar muitas coisas, nossa igreja está em obras. Então realizamos a missa na rua, em frente à igreja. Precisamos manter o distanciamento, usar máscaras, e não estamos acostumados a isso. É uma coisa nova e diferente”, frisou.

O almoço no salão comunitário, realizado normalmente após a carreata, ganhou um formato diferente. Com aglomerações proibidas, o jeito foi seguir a tendência recente e adotar o formato drive-thru para distribuir a também tradicional galinhada com maionese. “Temos espaço aqui para fazer seis panelas de galinhada, que servem 480 refeições. É uma tradição de antigamente, dos nossos antepassados e que a gente mantém”, relata Irineu Dupont, um dos responsáveis pela cozinha. Ele conta que preparar comida e, sobretudo, comida boa para tanta gente, não é tarefa fácil, mas a experiência adquirida ao longo dos anos ajuda.

LEIA MAIS: Pandemia altera homenagens no Dia do Colono e Motorista

Publicidade

João e Helena garantiram o almoço via drive-thru | Foto: Rafaelly Machado


Dentre as novidades, bênçãos das alturas

Após celebração inicial em frente à igreja, a imagem de São Cristóvão foi fixada no para-choque de um ônibus da Viação União Santa Cruz, fazendo frente à gigantesca fileira de carros, motos, caminhões e ônibus que, ao som de suas buzinas, seguiram em carreata pelos bairros Universitário, Avenida, Goiás e Centro, retornando à rotatória do 2001, onde os automóveis foram recebidos pelo padre Maurizan do Nascimento em uma cena que chamou a atenção de todos que estavam ou passavam pelo local no momento.

Suspenso em uma cabine, erguida cerca de dez metros do solo por um guindaste estacionado junto à rotatória, e devidamente equipado, o padre Maurizan abençoou os veículos dos fiéis com água benta. A fila que se formou era tamanha que, passados mais de 30 minutos, ainda havia muitos automóveis aguardando a sua vez. Quem também apareceu, circulando em meio aos carros como de costume, foi o Nenéu. O conhecido personagem santa-cruzense, empurrando seu famoso carrinho, passou próximo à cabine e igualmente recebeu a bênção do padre.

Publicidade

Com o encerramento da carreata, por volta das 10h45, outra fila começou a tomar forma na Avenida Independência, nas imediações da Paróquia Ressurreição. Tratavam-se dos primeiros carros que já aguardavam sua vez para retirar a galinhada, que começou a ser distribuída a partir das 11 horas. Tudo sob o comando de Milton Weigel, esposo de Clarissa, que comandava as ações, organizando os veículos e as fichas para que tudo saísse de acordo com o planejado. Conforme os organizadores, foram servidos cerca de 450 almoços.

LEIA MAIS: Paróquias cancelam festas do Dia do Colono e Motorista na região

Milton e Clarissa Weigel organizaram as comemorações: maior festa da paróquia | Foto: Rafaelly Machado

Primeiros da fila, o casal João Ivo e Helena Kist aguardavam, com água na boca, a hora de retirar o almoço especial deste feriado. Ele, que tem 81 anos, conta que o momento é de agradecer pelas bênçãos alcançadas e, em tempo de pandemia, pedir para que a saúde continue em dia. “Dirijo há 66 anos e nunca sofri um acidente, nunca me aconteceu nada. Respeito as leis de trânsito e, com a bênção de São Cristóvão, estou aqui hoje. A saúde é nossa maior riqueza, precisamos cuidar dela acima de tudo”, afirma.

Publicidade

A esposa Helena acrescentou que o casal está prestes a completar 50 anos de casados, e pretendem ficar juntos até quando a vida permitir.

LEIA TAMBÉM: FOTOS: católicos celebram a Eucaristia em missa e procissão pelos hospitais

Em Monte Alverne, bênção para manter a tradição

Por Cristiano Silva
[email protected]

Publicidade

Em carros, caminhões, ônibus, vans, motocicletas, carroças e sobre os cavalos. Independente do meio de transporte, a fé que move a comunidade de Monte Alverne levou centenas de pessoas ao centro do distrito na manhã de ontem para receber a bênção da tradicional ce lebração ao Dia do Colono e Motorista. A atividade iniciou logo às 8h30 com uma missa campal em frente à Igreja Nossa Senhora de Lourdes.

Na sequência, às 9h30, uma carreata percorreu as ruas da localidade e passou em frente à paróquia, na Rua Doutor Pedro Eggler, onde o padre Eleutério Orsolin abençoou os veículos e passageiros. A celebração, entretanto, precisou ser adaptada em virtude dos protocolos de distanciamento social impostos pela pandemia. O costumeiro baile da tarde no salão paroquial foi cancelado.

Padre Eleutério abençoou o público de cima de uma camionete, em frente à igreja | Foto: Cristiano Silva

O almoço com galinhada, tradicionalmente servido no local, foi realizado em formato drive-thru. Os ajustes, no entanto, não foram motivo para não realizar a edição 2020 do evento, que ocorre ininterruptamente desde a década de 1980. “Precisávamos manter a nossa tradição, para que essa data não fosse esquecida quando passar esse problema da pandemia. Optamos por fazer, com menos movimento, sem aglomerações, mas não cancelar”, destacou o presidente da Comunidade Nossa Senhora de Lourdes, Alfeu Rech.

Ao todo, foram vendidas 150 marmitas de galinhada pelo sistema drive-thru. No evento, também foram arrecadados 150 quilos de alimentos, que serão destinados a duas entidades: o Hospital de Monte Alverne e a Associação Beneficente Pella Bethânia, de Taquari.

LEIA MAIS: Igrejas começam a se adaptar após a liberação

Saladas a cargo de Leonita Cianiti, Armelindo Viecéli, Eliane Simon e Ilani Strothmann | Foto: Cristiano Silva

“Faz parte da cultura de Monte Alverne”, diz padre

Na edição de 2019 da celebração do Dia do Colono e Motorista em Monte Alverne, cerca de 400 veículos participaram da carreata. O padre Eleutério Orsolin explica que, neste ano, em virtude da pandemia, foi aconselhado que empresas da região não levassem alguns de seus caminhões, com o intuito de evitar aglomerações. Ainda assim, a celebração precisaria sair em respeito à comunidade.

“Aqui, sempre existiu essa comemoração e não seria agora que não faríamos. Faz parte da cultura de Monte Alverne. Seria desumano com esse povo não realizá-la”, comentou o religioso, que abençoou o público de cima de uma caminhonete, em frente à igreja, após umedecer galhos de ramos em água benta. Dentre os veículos participantes abençoados pelo padre Eleutério, uma Kombi saia e blusa, nas cores azul e branca, chamava a atenção.

Astor e Asta vieram de Saraiva para pedir bênção à Kombi de verdade e à miniatura | Foto: Cristiano Silva

Modificada e com uma placa de táxi na parte de cima, o veículo transportava seu Astor Elmo Selzler, de 75 anos, e dona Asta Mohr Selzler, de 73. Com o braço para o lado de fora, a caroneira trazia uma miniatura da mesma Kombi em que estavam trafegando, e que se revelou uma caixa de som, tocando os principais hits das bandinhas de alemão. “Queremos a benção do padre para o nosso veículo, para a miniatura e para a gente”, disse dona Asta. O casal bem humorado também revelou ser fiel à celebração. “Participamos todos os anos e nos faz bem”, disse Astor, que trabalha com táxi desde 1987, além de possuir lavouras de verduras junto à residência da família, em Linha Saraiva.

Alvissio Strothmann e José Luiz Simon auxiliaram na preparação da galinhada | Foto: Cristiano Sulva

LEIA TAMBÉM: “A estrada foi minha maior faculdade”, afirma Olair Scota

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.