O jovem Lorenzo, que se formou em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Ouro Preto, subiu ao palco no dia de sua formatura carregando um botijão de gás. A situação foi parar na internet e teve uma grande repercussão, sobretudo pelo reconhecimento ao pai, que trabalhou muito para garantir condições para o estudo e consequente formatura do filho. A gratidão, que deveria ser uma prática normal e corriqueira, é algo incomum, a ponto de virar notícia quando praticada de forma exemplar, como fez Lorenzo.
Ao ver a atitude do jovem mineiro, foi possível estabelecer um vínculo com a minha história. Sou bacharel em Jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e conquistei esse diploma graças ao meu empenho nos estudos, mas fundamentalmente ao apoio recebido da Dona Marlene, minha mãe. Ela não chegou à formação no Ensino Superior. Na verdade, em seu tempo, tinha concluído o Ensino Fundamental, chegando a concluir o Ensino Médio já com idade avançada e com a certeza de que isso seria importante para a sua vida. Mesmo assim, sempre fez questão de, não podendo pagar a universidade particular, dar estrutura para que conseguisse ir adiante.
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No sábado, 30, ela completou 70 anos. Reuniu amigos e amigas, lembrou daqueles tantos que não eram da família de sangue, mas estavam lá para dividir o fardo da vida com ela e conosco e agora já não estão. Pôde reencontrar pessoas queridas e receber o carinho daqueles que lhe querem bem.
Para nós (minha irmã e eu), é motivo de orgulho observar como é benquista por todos que a conhecem desde sempre. Agora, com seus passinhos mais lentos, com o cabelo branco, segue com disposição para encarar desafios da vida, e com o mesmo bom conceito daqueles que cresceram por perto, que viram naquela mulher batalhadora uma extensão da palavra mãe. É sempre oportuno e cada vez mais necessário, mesmo nessa vida turbulenta, parar e, de alguma forma, agradecer.
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Em uma ocasião, no primeiro Dia das Mães que estava distante, contratei uma amiga cantora para ir em casa e apresentar: “Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você”, levando Roberto Carlos para a porta de minha casa. No último sábado, usei José Augusto, com “quero lhe dizer, minha mãe, te amo! Você é o meu bem querer, te amo”. Agora, pedindo perdão a você leitor por usar tão nobre espaço para um depoimento tão particular, uso palavras de Xandi de Pilares: “Gratidão! Não há dinheiro que pague, não posso esquecer; se eu fugir das origens eu perco meu chão. Obrigado meu povo por fortalecer! Beijos no coração!”. Tendo a chance de fazer isso, não perca a oportunidade. Não é nada bobo! É atitude de gigante a gratidão.
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