O problema de odor e sabor na água de Santa Cruz do Sul segue causando queixas entre os clientes da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan/Aegea). A situação é provocada pela proliferação de cianobactérias, também conhecidas como algas verdes, que liberam substâncias responsáveis por alterar o gosto, o cheiro e a cor da água no Lago Prefeito Telmo Kirst.
O professor Eduardo Lobo Alcayaga, pesquisador do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Santa Cruz (Unisc) e do Programa de Pós-graduação em Tecnologia Ambiental, acompanha a situação desde 2011. Segundo ele, a proliferação das cianobactérias é um problema ambiental recorrente e semelhante ao registrado em locais como o Lago Guaíba, em Porto Alegre, e o Rio Sena, em Paris.
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Lobo explica que o principal fator para isso é a abundância de nutrientes, especialmente nitrogênio e fósforo, que chegam ao lago por meio do Rio Pardinho. Esses elementos estão presentes em fertilizantes agrícolas e matéria orgânica trazidos principalmente pelas enchentes de maio. “A alta temperatura contribui, mas não é o principal motivo. A grande quantidade de nutrientes, somada à pouca profundidade do lago, cria condições ideais para o crescimento das algas”, afirma.
Como solução de longo prazo, o pesquisador sugere a dragagem do lago para remover o lodo e a matéria orgânica acumulados. Além disso, ele destaca a necessidade de restaurar a mata ciliar do Rio Pardinho e implementar políticas públicas que garantam o tratamento adequado de esgoto, de forma a prevenir novas contaminações.
Situação exige providências e problema deve continuar
O professor Eduardo Lobo Alcayaga explica que a presença das cianobactérias em grande quantidade torna a água imprópria para o consumo se os níveis de odor e sabor ultrapassarem o índice 6 (fraco a moderado), de uma escala entre zero (sem gosto e/ou odor) e 12 (forte). Esses parâmetros foram estabelecidos pela Portaria 888 de 4 de maio de 2021, que regula a qualidade da água para consumo humano. A Corsan utiliza carvão ativado no tratamento, mas o problema deve persistir com a proliferação das algas.
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De acordo com a legislação, as amostras para medir o sabor e o odor da água devem ser trimestrais. Esse processo envolve a análise sensorial por parte da população. Apesar de a Corsan informar que os parâmetros técnicos são cumpridos, o professor frisa que é essencial intensificar o monitoramento e agir para evitar crises futuras. A proliferação de algas no Lago é conhecida desde 2013.
“Se medidas não forem tomadas, a situação tende a se agravar, comprometendo a capacidade do lago e a qualidade da água. E, enquanto houver grandes quantidades de nutrientes alimentando as cianobactérias, o odor e o sabor desagradáveis continuarão”, conclui.
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Questionada pela Gazeta do Sul sobre o atual padrão organoléptico de potabilidade do gosto e odor da água da última medição realizada, a assessoria de imprensa da Corsan/Aegea não havia retornado até o fechamento desta edição.
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