Localizada em Arroio do Tigre, na região Centro-Serra, a Comunidade Quilombola Linha Fão é uma das 140 certificadas e reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares no Rio Grande do Sul. Enquanto aguardam o título das terras junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), seus integrantes registraram histórias e costumes em um documentário.
O resultado do trabalho foi conhecido na última terça-feira, 19, no lançamento do audiovisual Comunidade Quilombola Linha Fão: cultura, entre histórias e vivências, que retrata o patrimônio afrodescendente das suas 35 famílias. Assistiram à estreia, no salão comunitário Euclides Rodrigues da Silva, integrantes da comunidade, estudantes da escola municipal Jovino Ferreira Fiuza, componentes do grupo Capoeirando, representantes da Emater/RS-Ascar, da Prefeitura de Arroio do Tigre e do projeto Avança RS. Clique aqui para assistir
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Realizado pela própria comunidade, com apoio técnico de uma produtora, o vídeo obteve recursos da lei federal Paulo Gustavo. Logo será disponibilizado às escolas da rede municipal de ensino, contribuindo para sua visibilidade social junto às demais localidades.
Titulação das terras ainda está em tramitação no Incra
Há um ano, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) publicou a portaria 237/ 2023, que reconhece e declara uma área de 168 hectares como terras da Comunidade Remanescente de Quilombo Sítio Novo/Linha Fão. A titulação ainda está tramitando e logo deve permitir que a comunidade usufrua de terras.
Marlise Borges é presidente da Associação e avalia que hoje a realidade já melhorou na comunidade. A Emater acompanha as famílias há mais de 20 anos. Segundo a extensionista Daniele Centa, desde o reconhecimento enquanto comunidade remanescente de quilombo, nos anos 2000, ocorreram avanços.
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“Entre as políticas públicas que chegaram até a comunidade destacam-se o RS Rural, Feaper, programa de distribuição de sementes, programa Fomento às Atividades Produtivas Rurais, políticas públicas de saneamento, além de políticas públicas voltadas à documentação pessoal e inclusão em programas sociais”, afirma.
Ampliando a área, a comunidade poderá cultivar e produzir comercialmente. “Aqui é muito forte a questão do cultivo para o autoconsumo, a preservação de sementes, a utilização e a preservação de plantas medicinais, aromáticas e condimentares”, disse Daniele.
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Ela lembra que, com o tempo, aspectos locais e culturais acabam se perdendo. “Com a produção audiovisual, a nova geração tem a missão de passar para as próximas essa cultura, a fé, o cultivo, a dança, a produção do artesanato e outros aspectos”, frisou.
O vídeo revela todo o processo de reconhecimento da comunidade. Para o vice-presidente da Associação, Márcio Feliz, o lançamento foi um marco histórico. “Depois de tantos anos a gente batalhando, a comunidade é reconhecida”, afirmou ao citar o reconhecimento e valorização às famílias.
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