Em um depoimento de mais de uma hora no qual emocionou-se em diversos momentos, o vereador afastado André Scheibler (PSD) negou todas as irregularidades das quais é acusado, disse ter a consciência “muito tranquila” e apelou à comissão responsável pelo processo de cassação na Câmara de Santa Cruz do Sul que considere as provas antes de incriminá-lo. “Estou realmente muito sentido porque estou sendo acusado de algo que não fiz”, disse.
Scheibler foi o último a depor à comissão. Delatado por dois ex-assessores por um suposto esquema de “rachadinha” instalado no gabinete, ele chamou a acusação de “uma tremenda mentira” e disse acreditar que os ex-auxiliares possam ter sido induzidos pelo Ministério Público a acusá-lo.
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Scheibler também afirmou estranhar que um dos delatores, Mário Kistenmacher, tenha recentemente se filiado ao PSDB, partido do vereador Gerson Trevisan, que é o autor da denúncia que levou à abertura do processo de cassação. “Não tenho dúvida de que isso já estava alinhado há muito tempo, tanto que o assessor dele (Trevisan) vivia no meu gabinete”, falou. Durante o depoimento, o advogado de Scheibler, Ezequiel Vetoretti, apresentou uma postagem de Kistenmacher no Facebook na qual faz elogios a Trevisan e disse ser “estranho” o assessor de um parlamentar fazer “propaganda política” para outro vereador.
Segundo Scheibler, Kistenmacher teria ficado insatisfeito ao saber que não poderia permanecer na função de assessor em função de uma lei aprovada em 2018 que passou a exigir ensino médio completo para investidura no cargo. Em relação ao outro delator, Douglas Helfer, Scheibler alegou ter decidido demiti-lo por não estar mais satisfeito com seu desempenho. Para o vereador, essas situações podem ter influenciado na decisão de denunciá-lo. “Não tem prova nenhuma (de que exigia salário). Se eu fazia, por que não filmaram? Por que não fotografaram?”, questionou.
Scheibler disse ainda possuir provas de que os ex-assessores Luiz de Oliveira e Éder Joel Schmidt, acusados de serem “fantasmas”, cumpriam suas atividades na Câmara. “Pode perguntar em qualquer lugar”, disse.
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Em mais de um momento, Scheibler sugeriu que a decisão da comissão já estaria tomada, no sentido de incriminá-lo. “Se a palavra vale, que valha a de todos, não só de quem me acusa”, falou. Scheibler também disse que sua família está sofrendo “uma grande carga” em função da repercussão do caso. “Tenho certeza que vou ser absolvido na Justiça. Mas aqui (Câmara) o julgamento é político”, falou.
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Caso do terreno
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Scheibler também negou que tivesse conhecimento da entrega informal de 11 cargas de terra em um terreno que pertence a seu filho no Bairro João Alves, onde estava sendo construída uma casa. O caso foi denunciado pela Gazeta do Sul em outubro do ano passado.
Scheibler admitiu que esteve no terreno no dia da entrega, mas alegou que no momento estava no local apenas uma retroescavadeira e que achou que a máquina pertencia à construtora que havia sido contratada para fazer a obra. Embora tenha confirmado que conversou com o operador, alegou que não sabia que ele era servidor da Prefeitura.
Segundo Scheibler, o pedido das cargas de terra foi feito pelo filho e pela nora, sem o seu conhecimento. “Não faço a mínima ideia por que fizeram a besteira de pedir essa terra”, falou.
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