No início de maio, a família de Liane Matos Maciel, de 62 anos, testemunhou a residência onde morava há dois anos ser atingida pela enchente em Rio Pardo. Sem ter para onde ir, obteve uma casa por meio do aluguel social.
Passados quase seis meses da catástrofe climática, ela, o marido Zorin Linhares Soares, 78, e o neto Braion César, 4, têm uma nova chance de recomeçar. Na tarde dessa quinta-feira, 31, Liane recebeu as chaves da nova morada, de número 18, localizada na Rua Bento Gonçalves, esquina com a Francisco Manoel da Silva, no Bairro Pinheiros.
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Semelhante a um contêiner, a habitação com 27 metros quadrados conjuga sala (com sofá), cozinha (que inclui pia com balcão e fogão, armário e geladeira) e dormitório com uma cama de casal, beliche e um roupeiro. O banheiro contém um boxe com chuveiro, vaso sanitário e pia.
Para Liane, que teve todos os pertences levados pela água, a entrada na residência foi um momento de alívio. “Vamos ser felizes aqui”, afirmou.
Outras 19 famílias na mesma situação receberam as casas temporárias. O governador Eduardo Leite e o secretário de Habitação e Regularização Fundiária, Carlos Gomes, entregaram as chaves aos moradores.
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À família de Tiele da Luz Silva, 22 anos, foi destinado o módulo número 15. Ela irá morar com o companheiro Everton Luiz Rodrigues Machado, 24, e o pequeno Ysaias, de 7 meses. Após perder a casa em Balneário Porto Ferreira, onde viveram por três anos, precisaram abrigar-se no Ginásio Norberto Ubatuba Figueira (Boa Vista).
Por meses, dividiram o espaço com outras vítimas das enchentes, e as divisórias eram apenas lonas. Agora, a família volta a ter um lar com teto e quatro paredes. “É a oportunidade para mudar a vida”, disse Tiele.
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A previsão é de que Rio Pardo receba mais 20 moradias, totalizando 40. Conforme a assistente social do município, Cláudia Cardoso, há 33 famílias recebendo aluguel social. No entanto, a demanda por moradias aumentou nos últimos tempos, pois algumas pessoas estavam morando com familiares e precisaram sair. “Com as demais, vamos atender à demanda”, afirmou.
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“Nenhuma família vai ficar para trás”, afirmou Leite
As residências instaladas em Rio Pardo são parte das ações do Plano Rio Grande, criado para enfrentar as consequências sociais, econômicas e ambientais da enchente. Por meio do programa A Casa É Sua – Calamidade, da Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária, 212 lares temporários foram entregues em cidades afetadas, incluindo Encantado, Cruzeiro do Sul e Estrela.
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Conforme o governo do Estado, serão 500 módulos residenciais em nove municípios, com um investimento de R$ 66,7 milhões. Mais R$ 58,7 milhões serão destinados para a construção de 422 casas definitivas em 11 cidades.
“Nenhuma família vai ficar para trás até que tenhamos as moradias definitivas”, afirmou Leite. Segundo ele, a demanda habitacional é “gigantesca”, com milhares de unidades para serem feitas. “O governo federal tem um programa, que é o Minha Casa, Minha Vida, mas o governo do Estado resolveu entrar com toda a força também com o seu programa. Sabemos que leva um tempo até construir as casas definitivas. Por isso endereçamos a solução das moradias provisórias, mas têm qualidade de uma casa, até que consigamos ter a solução resolvida”, afirmou.
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Conforme Leite, o Município de Rio Pardo já tem um terreno em vista e está encaminhando processos de desapropriação para a execução das casas definitivas. “Já estão sendo iniciados os processos de construção em vários municípios. E aqui esperamos também poder em breve encaminhar essa solução definitiva”, afirmou.
Prevenção
O governador Eduardo Leite foi questionado sobre como o Rio Grande do Sul está se preparando para enfrentar as próximas catástrofes. Segundo ele, é preciso compreender a necessidade do Estado em se adaptar às mudanças climáticas. E isso envolve, para Leite, a instalação de sistemas para prevenção e previsão do tempo, estruturando a força de resposta da Defesa Civil e dos bombeiros para situações extremas.
Ele acrescentou que o Estado está contratando estudos para diversas regiões. Essa análise dos lugares impactados poderá fazer com que elas se tornem eventualmente áreas de uso restrito. “Ou seja, não deixar que mais pessoas sejam afetadas. Vamos converter essas áreas do ponto de vista urbanístico para serem parques ou áreas que não possam ser ocupadas pelas famílias, enquanto as realocamos para outros lugares”, ressaltou.