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DESDOBRAMENTOS

Caso Asan: até as fraldas dos idosos eram controladas

Foto: Alencar da Rosa

Inspetor Eduardo, delegada Raquel e a comissária Pavani detalharam a investigação

Bastidores ainda não revelados sobre a investigação que desmantelou um esquema de desvios de verbas, doações e cestas básicas da Associação de Auxílio aos Necessitados (Asan) foram divulgados nessa quinta-feira, 10, pela manhã, em coletiva de imprensa no auditório do Centro Integrado de Segurança Pública de Santa Cruz do Sul (Cisp), no Bairro Arroio Grande. A delegada Raquel Paim da Silva Schneider, a comissária Camila Moraes Pavani e o inspetor Eduardo Moura Ribeiro falaram sobre o caso que marcou a crônica policial santa-cruzense em 2024. Os agentes confirmaram o desvio total de R$ 1.821.975,10 em dinheiro do lar de idosos, que conta com 75 residentes e fica na Rua Padre Luiz Müller, Bairro Bom Jesus. Catorze pessoas foram indiciadas, e a participação de cada uma no caso foi detalhada na coletiva.

Raquel afirmou que a conclusão do inquérito, que teve mais de 2 mil páginas divididas em três volumes, marca o final de uma primeira fase da investigação, e não descartou que possam existir mais envolvidos. “Concluímos a primeira etapa, mas mais pessoas podem ser indicadas em uma nova fase, principalmente após a análise nas mídias apreendidas”, comentou. Segundo ela, o cabeça do esquema era o administrador da Asan, Marco Antonio Almeida de Moraes, que já está preso.

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A maioria das notas falsas seria feita por meio da MA Construtora, que está no nome do filho dele, mas seria operada por Marco. “O benefício previdenciário dos idosos residentes era sacado todo mês. Ficava com o Marco 70% do valor em espécie e 30% ia para um caixa que servia para despesas extras dos idosos. Os 70% que eram entregues em dinheiro para ele deveriam ser depositados na conta da Asan, mas ele não efetuava esses depósitos”, detalhou. Isso resultou em sérios problemas para os idosos.

“Eles tiveram a rotina modificada. Em um momento eram seis refeições, depois baixou para cinco. As fraldas para os idosos eram controladas, e eles chegavam a sofrer assaduras porque não poderia passar de um número ‘x’ de trocas”, revelou Raquel.

Ao todo, 59 pessoas foram ouvidas. Para a comissária Pavani, o sucesso da investigação se deve à colaboração dessas testemunhas. “Muitas estavam com receio de falar, por vários motivos, mas elas confiaram no trabalho da Polícia Civil, e isso deu todos os subsídios para buscar as representações que fizemos”, salientou.

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Segunda fase vai analisar todas as movimentações

Conforme o inspetor Eduardo, durante as três ofensivas deflagradas pela Polícia Civil no caso, foram apreendidas 20 mídias, entre celulares, notebooks e HDs. “Em cerca de 30 dias teremos esses dados e aí vamos analisar todas as conversas de WhatsApp, imagens e outras informações, para ver as ligações desses envolvidos e talvez pessoas que ainda não estavam sendo investigadas”, salientou o policial.

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“Agora, partimos para um segundo momento, para analisar essas mídias e aprofundar as quebras de sigilo. Vamos fazer uma análise minuciosa em todas as aquisições feitas pela Asan no período. Nesse primeiro momento, buscamos aquelas situações que nos chamaram a atenção pelo valor alto, e agora vamos na análise de tudo que foi fornecido nesse período”, complementou Raquel, que disse estar satisfeita com o trabalho.

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“Trabalhamos com tragédias, que muitas vezes não têm conforto para as vítimas. Mas nesse caso, agora depois do trabalho, a gente vê o semblante dos idosos e dá vontade de chorar de felicidade, por estar conseguindo ajudar. A gente pensa o que mais teria acontecido se a gente não tivesse agido. Pelo menos agora, a instituição está voltando a trabalhar como deveria. Estaremos sempre atentos, e sempre que formos provocados sobre algo, vamos investigar.”

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