Apontado como líder de facção e mandante de homicídios cruéis no Vale do Rio Pardo, o traficante Jéferson Juliano Vedói, de 44 anos, será trazido sob forte escolta da Polícia Penal até o Fórum de Santa Cruz do Sul nesta quinta-feira, 10, para responder por um assassinato ocorrido há exatamente seis anos no Bairro Castelo Branco, Zona Sul do município.
Atualmente, ele cumpre pena por diversos crimes na Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC). Além dele, Rangel Pereira, de 45 anos, em liberdade, vai responder pelo crime. Conforme denúncia do Ministério Público (MP), ambos foram considerados mandantes da morte de Fabiano da Rosa, de 38 anos, ocorrida em 10 de outubro de 2018.
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A vítima foi assassinada por volta das 21h50, com pelo menos seis tiros, nas imediações da casa de familiares na Rua Cachoeira, Bairro Castelo Branco. Segundo apurado na época, Fabiano estaria falando ao celular quando foi atingido pelos executores, que teriam chegado em um táxi. O homem de 38 anos estaria visitando familiares naquela noite, e era morador do Bairro Margarida.
A sessão do júri será presidida pela juíza Márcia Inês Doebber Wrasse e se iniciará às 9h30. O promotor de Justiça Gustavo Burgos de Oliveira vai representar o MP, autor da denúncia. É aguardado o depoimento do delegado Alessander Zucuni Garcia, que chefiou o inquérito do caso. Um corpo de jurados formado por sete pessoas será sorteado para formar o conselho de sentença.
O defensor público Arnaldo França Quaresma Júnior fará a defesa de Rangel Pereira, enquanto Jéferson Juliano Vedói será representado pelo advogado Filipe Decio Trelles. Este já é conhecido por atuar na bancada do advogado Jean Severo no chamado Caso Kiss, fazendo a defesa do produtor da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Bonilha Leão. Os réus respondem por homicídio duplamente qualificado, com as qualificadoras de motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima.
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Alvo principal na maior operação da região
Investigado por crimes como homicídio, tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, Jéferson Juliano Vedói é um dos mais temidos líderes de organização criminosa da região. Em 13 de setembro de 2017, em júri também presidido pela juíza Márcia em Santa Cruz, Vedói, defendido por Jean Severo, foi condenado a sete anos de prisão por ter tentado matar quatro PMs em 6 de junho de 2008, durante abordagem na Travessa Amazonas, no Bairro Bom Jesus.
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Mesmo apenado, foi apontado pela polícia como envolvido em muitos assassinatos cruéis, e terminou como alvo da que é considerada a maior ofensiva da história da região. Ele foi o investigado principal da chamada megaoperação Tentáculos, deflagrada pela Polícia Civil de Rio Pardo em 10 de dezembro de 2020. Na data, mais de 200 policiais de todo o Estado ocuparam a Cidade Histórica em cumprimento de 59 ordens judiciais – 16 de prisão preventiva, três de apreensão de menores e 40 de busca e apreensão, todas contra o bando liderado por Vedói.
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A investigação da época, chefiada pelo delegado Anderson Faturi, apurou que cerca de 20 mortes violentas em Rio Pardo tiveram como pano de fundo o tráfico. A cidade chegou a ser cotada em 2020 para entrar no programa RS Seguro, do governo estadual, onde estão os municípios com maiores índices de criminalidade. Após a operação, porém, os homicídios ligados ao tráfico caíram drasticamente.
Atualmente, passam de 300 anos as penas somadas dos investigados já condenados. O líder já foi sentenciado por tráfico a uma pena de 18 anos. Dentre as execuções, a que ganhou maior repercussão foi a do motorista de aplicativo Patrick Brum Dall Ongaro, 30 anos, de Cruz Alta. Ele foi atraído pelo bando de Vedói até Rio Pardo e, após ser pego, foi cruelmente degolado por seis pessoas. O mandante assistiu ao homicídio de dentro da cela da prisão por meio de vídeos que seus comandados fizeram, enquanto a vítima agonizava, tendo o pescoço cortado por uma faca de cozinha. Todos os autores e envolvidos nesse caso foram presos na operação e aguardam definição da Justiça sobre seus julgamentos.
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