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MEMÓRIA

Portal da UFSM apresenta memorial virtual às vítimas da Kiss

Maquete virtual do prédio da boate está disponível ao público online | Foto: Projeto Memória, Justiça e Tecnologias Digitais Interativa/Reprodução

Em Santa Maria, o dia 27 ficou marcado pelo clamor por justiça dos familiares e sobreviventes da tragédia na boate Kiss. Nos primeiros anos após o incêndio de 27 de janeiro de 2013, todo o mês ocorriam manifestações públicas, como a soltura de balões brancos. No dia 27 de agosto, o portal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) apresentou um recurso importante para o pedido de reparação e para compreensão da tragédia: o memorial virtual.

memorial com maquete em 360º do prédio da boate foi desenvolvido pelo Projeto Memória, Justiça e Tecnologias Digitais Interativas, coordenado pela professora Virgínia Vecchioli, do Departamento de Ciências Sociais. A maquete foi usada como recurso no júri da tragédia na boate, no Foro Central de Porto Alegre, em dezembro de 2021, e estará disponível ao público em geral pela primeira vez. 

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A reprodução da boate foi requisitada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul à equipe da professora e antropóloga, que já tinha liderado projeto semelhante para reconstruir digitalmente a antiga casa de tortura utilizada na ditadura militar da Argentina (leia mais abaixo). A maquete usada no júri da Kiss foi feita com imagens obtidas a partir do escaneamento digital, que reproduzem de forma exata o interior e o exterior do prédio. 

Naquela ocasião, a estrutura foi elaborada com o UnReal Engine, programa usado para projetos de arquitetura e de jogos digitais. Para disponibilizar a maquete no portal da UFSM, uma adaptação foi necessária. “A maquete original era inviável para as placas de vídeo que a maioria das pessoas utilizam. Por conta disso, utilizamos um outro recurso, as chamadas fotoesferas, que criam imagens 360 a partir da maquete virtual original”, explica Virgínia. 

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Sobre a importância do memorial, a professora defende que a iniciativa contribui para que se lide coletivamente com o passado traumático de forma pedagógica e cultural. “O nosso memorial virtual é um valioso recurso para mostrar que o sofrimento, que não pode ser apagado ou ignorado, pode ser reconvertido em aprendizado para as futuras gerações de modo que tragédias como a da boate Kiss nunca mais se repitam”, comenta. 

Recursos interativos e contribuição de sobreviventes

O memorial com a maquete 3D traz os antigos ambientes da boate Kiss, demolida, em julho deste ano, para a construção de um memorial físico na Rua dos Andradas. Os internautas poderão conferir fotos antes e depois do incêndio, objetos e informações sobre as irregularidades do local, relatos de sobreviventes sobre o que ocorreu na noite do incêndio que provocou a morte de 242 pessoas. 

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Conforme a professora Virgínia Vecchioli, as informações foram obtidas a partir de três fontes: trechos escritos de depoimentos à Polícia Civil, em 2013; trechos de áudios de depoimentos ao júri, em 2021; e trechos em áudios de entrevistas à equipe do Projeto Memória, Justiça e Tecnologias Digitais Interativas.

Para aumentar a sensação de imersão, os internautas poderão visualizar a maquete com dispositivos de realidade virtual (RV), como o Google Cardboard, óculos de RV acessível. A experiência será semelhante ao de navegar pelo Google Street View com recursos de RV.

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Direito à justiça, à memória e à reparação 

O julgamento, realizado em dezembro de 2021, foi anulado no mesmo ano pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul a partir de pedidos de recursos de cortes superiores. Entre os familiares e sobreviventes, o sentimento de impunidade está presente. A professora Virgínia comenta a importância da busca por direitos e por reparações simbólicas. “A comunidade precisa continuar demandando pelos seus direitos: o direito à justiça, à memória e à reparação material e simbólica.  Os poderes públicos com responsabilidade na tragédia deveriam pedir perdão aos diretamente envolvidos e à comunidade de Santa Maria pelos incumprimentos que levaram a tragédia, essa seria uma forma de reparação simbólica. O memorial físico é uma outra coisa muito importante”, aconselha. 

Casa de tortura na Argentina

A professora e antropóloga Virgínia Vecchioli liderou projeto semelhante ao da boate Kiss. El Campito é uma maquete das instalações da antiga casa de tortura da Guarnición de Campo de Mayo, utilizada durante a ditatura militar da Argentina. O  dispositivo foi elaborado por um grupo multidisciplinar em parceria com o professor Martín Malamud, da Universidade de Buenos Aires, e com o designer Diego Cagide, da Huella Digital. O trabalho recebeu menção honrosa na categoria Patrimônio Cultural Intangível (Imaterial), em 2019, no Concurso de Patrimônio, promovido pelo Fundo Nacional de Artes da Argentina. Também foi usado como prova da acusação durante a audiência no Tribunal Oral Federal nº1 em 2021. 

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