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LISSI BENDER

Língua alemã e fé cristã se reencontram na Catedral

O jubileu dos 200 anos da imigração alemã no Brasil e dos 175 na região de Santa Cruz será celebrado na nossa majestosa Kathedrale Heiliger Johannes der Täufer, símbolo maior da fé cristã em nossa cidade. Em 31 de agosto, às 17 horas, a fé dos imigrantes será abençoada com uma missa na língua por eles trazida a Santa Cruz.

Celebrar este jubileu em idioma alemão é uma sensível homenagem aos imigrantes e, ao mesmo tempo, um culto em memória aos que construíram o templo e aos que participaram da missa inaugural. Essa missa em idioma alemão será também uma simbólica reconexão com os idos de 1939, quando a catedral foi inaugurada. Naquele ano era véspera de Natal, e a procissão iniciada na antiga igreja teve de seguir silenciosa em direção ao novo monumento da fé cristã, do qual muitos do presentes à missa inaugural haviam se empenhado para o seu erguimento.

A edificação desse ícone da fé cristã havia sido coordenada por 14 padres jesuítas. Dos quais 13 procederam da Alemanha e um da Suíça. A partir de 1931 foram integrados dois padres brasileiros: padre Inácio Rambo e Teodoro Treis, que coordenaram grande parte da obra. Quando em 1939 novamente um padre alemão, José Belser, assumiu os ofícios, havia chegado a hora da inauguração. A língua estava proibida desde 1937 nas escolas, por conta da Nacionalização do Ensino, da cultura e da língua, instaurada por um governo diatorial.

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Era véspera de Natal. A maioria da população não pôde expressar seu regozijo por, enfim, poder celebrar a primeira missa em tempo do evento máximo do cristianismo – a vinda do Salvador. A ditadura havia silenciado sua voz. A missa transcorreu em idioma português, sob a vigilância de policiais. Entre os presentes, 80% tinham como língua mãe a alemã em Santa Cruz. A maioria era de origem alemã.
A pedra fundamental da catedral havia sido colocada em 3 de fevereiro de 1929 e foi aberta em 2 de julho de 2004. Os documentos que ali haviam sido depositados no passado foram retirados na presença de várias testemunhas, previamente escolhidas, e da imprensa. Em tempo de minhas pesquisas de doutorado, padre Orlando Pretto gentilmente me forneceu em carta o conteúdo que havia sido ali guardado:

Documento 01:
Ata da colocação e bênção da pedra angular escrita em pergaminho na língua latina.

Documento 02:
Um breve escrito em língua alemã, fornecendo dados sobre o novo altar (1894) erguido na primitiva matriz (já ampliado).

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Documento 03:
Um conjunto de 10 listas onde constam os nomes dos colaboradores e respectivas quantias que lhes dava o direito ‘segundo o costume vigente’ das ‘primeiras marteladas’.
O cabeçalho das listas em texto idêntico, está escrito em língua portuguesa e germânica.

Documento 04: Jornais
A – A União – Rio de Janeiro 03.02.1929 – em Português
B – St. Paulus Blatt – 02.1929 – em língua alemã – Rio Grande
do Sul
C – Kolonie – Santa Cruz do Sul – Janeiro de 1929 – em língua alemã
D – Deustches Volksblatt – Porto Alegre – 28.02.1929
– em língua alemã

Documento 05: Várias moedas da época.
Esses documentos que haviam sido depositados na pedra fundamental fornecem um vislumbre sobre a difusão da imprensa e do hábito de leitura em idioma alemão em Santa Cruz. Isso eu também pude constatar em minhas pesquisas.

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