O pão está entre os alimentos mais consumidos pelo homem. As suas origens remontam ao período Neolítico (entre 10.000 a.C. e 4.000 a.C). A receita básica é simples: basta unir farinha de grãos ou cereais, água e fermento. Com tais ingredientes, pode-se elaborar uma infinidade de opções. Com o passar do tempo, condimentos, ervas e recheios passaram a ser usados para incrementar o alimento.
Da mesma forma que os registros históricos ajudam a entender os motivos que fazem do pão um produto tão popular, destacam-se aspectos culturais e comerciais. Presente em 98,7% dos lares brasileiros, o pão, seja o de padaria ou industrializado, continua liderando as vendas. Segundo o Sebrae, o consumo per capita do brasileiro é de 22,61 quilos por ano, em uma movimentação que alcança cerca de R$ 85 bilhões.
Diante de dados tão grandiosos estão empreendimentos, muitos deles de origem familiar, e profissionais que se dedicam ao preparo de diferentes variedades – inclusive as saudáveis – para suprir demandas de um mercado crescente. São os panificadores, que hoje comemoram o dia em sua homenagem. Em Santa Cruz do Sul, onde o pão faz parte da história de boa parte das famílias, além das padarias, supermercados e profissionais autônomos ajudam a movimentar o ramo, somando 131 estabelecimentos.
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Muito além do pão francês
Na época de estudante, quando sonhava em ser professora, a santa-cruzense Iraci Schwengber começou a fazer pães. Com dois filhos, trabalhando em um supermercado e precisando reforçar o orçamento, ela contou com a ajuda e as receitas da mãe.
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Em um forno a lenha, Iraci preparava pães de milho e aipim. De bicicleta, percorria as ruas do Bairro Independência para as entregas. Naquele tempo, os vizinhos queixavam-se da dificuldade em encontrar produtos caseiros. E foi diante dessa observação que decidiu empreender. Em poucos meses tinha o próprio forno a lenha e produzia pães, cucas e bolachas todas as terças, quintas e sábados. Hoje, passados 25 anos, Iraci conta com um empreendimento reconhecido pela variedade.
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Ao lado da filha Simone Noy, a panificadora testemunhou as transformações pelas quais o segmento passou. Hoje, com a experiência adquirida, Iraci e Simone destacam as mudanças nos hábitos dos clientes. Um exemplo está no pão francês, que de protagonista passou a coadjuvante. Das cerca de 1,2 mil unidades produzidas diariamente, hoje são cerca de 500. O fenômeno, segundo Simone, tem explicação. Ela, que há três anos passou a trabalhar ao lado da mãe, conta que a decisão de incluir variedades como os pães integrais, australiano, italiano, com grãos, brioche e outros fez toda a diferença.
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“Resolvemos diversificar para atender às demandas do público, que hoje procura produtos diferenciados e saudáveis. Mantivemos os pães, mas reforçamos a variedade de tortas, salgados e bolachas”, frisa Simone, que por dez anos viveu em São Paulo, onde conheceu o estilo das padarias locais. Segundo ela, além de ingredientes com qualidade e profissionais capacitados, a visão empreendedora faz toda a diferença, especialmente diante da satisfação dos clientes. Com uma produção que começa diariamente às 3 horas, a padaria segue funcionando na Afonso C. Bartz, onde Iraci preparou seus primeiros pães.
O Dia do Panificador presta homenagem a Santa Isabel de Portugal, conhecida como a “padroeira dos padeiros”. De acordo com a lenda, no século 14, Portugal enfrentava uma crise e a população passava fome. Para ajudar, a rainha Isabel de Aragão distribuía pães aos pobres. Certo dia, o rei D. Dinis I interceptou-a e exigiu que mostrasse o que escondia no avental. A rainha respondeu que levava rosas, mas o rei não acreditou e pediu para ver. Ao abrir o avental, várias rosas caíram no chão. Aqueles que iam receber os pães começaram a dizer que era um milagre.
Fonte: Faculdade do Norte Novo de Apucarana
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Cuca para prosperar em família
Uma das receitas mais conhecidas da gastronomia alemã se transformou em oportunidade para a família de Rosana Glesse. Em 2008, ao lado da mãe Claudete, ela começou a produzir cucas. Quatro anos mais tarde, abria as portas da padaria e dava início a uma trajetória de crescimento. Premiada diversas vezes e convidada a participar de um programa de televisão, no qual pôde mostrar a sua receita para todo o Brasil, a empreendedora hoje trabalha ao lado dos filhos Eduarda, Leonardo e Jean Lucas.
O trabalho em família, a inovação e os investimentos, além da tradição, são alguns dos aspectos que contribuíram para a expansão da padaria, que recentemente inaugurou uma filial na Rua Gaspar Silveira Martins. “No início eram a mãe, a vó e eu. Depois, com o tempo, os meus irmãos passaram a trabalhar junto. Hoje cada um desempenha uma atividade na padaria”, conta Eduarda. A produção diária das cucas, que são o carro-chefe, segue sob o comando de Rosana e Claudete. São cerca de 40 sabores. Entre eles estão os clássicos de açúcar, nata e coco e as novidades, como o trufado e o Nutella, lançados recentemente.
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Embora a cuca seja a referência, a família tem uma variedade bem maior, incluindo os pães tradicionais. Essa lista foi ampliada há cerca de dois anos, quando teve início o café colonial na matriz localizada na esquina da Rua São José com Fernando Abott. Tortas, doces, salgados, sanduíches são algumas opções incorporados ao cardápio.
Com o crescimento, a padaria ampliou a mão de obra. Dos nove funcionários contratados há cerca de três anos, hoje são 50. Para Eduarda, o Dia do Panificador é uma data marcante diante da história familiar e por tudo o que a atividade representa para a população. “Sabemos da importância dos nossos produtos para os clientes. Por isso, estamos sempre em busca de qualidade para oferecer qualidade e segurança”, ressalta.
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