Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

CULTURA

Palacinho e suas histórias abertas ao público

Foto: Rodrigo Assmann

Lara e Gabriela visitaram o prédio histórico pela primeira vez

Como destacado em matéria especial na edição do fim de semana da Gazeta do Sul, preservar e valorizar o patrimônio não se trata apenas de construções históricas, e sim tudo aquilo que envolve as marcas locais, como eventos, bebidas, uma dança, música ou mesmo uma paisagem natural. No entanto, é impossível qualquer morador ou visitante deixar de reparar nas obras de arquitetura antiga que marcam espaço em Santa Cruz do Sul.

E talvez uma das mais belas e históricas é o Palacinho. Nesse domingo, 18, a reportagem acompanhou a visitação do público ao prédio, em ação alusiva ao Dia Nacional do Patrimônio Histórico, que se relaciona com a Semana do Patrimônio, promovida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Além do Palacinho, a Antiga Estação Férrea e a Casa das Artes Regina Simonis estiveram abertas ao público.

LEIA TAMBÉM: Programação especial vai celebrar Dia do Patrimônio

Publicidade

Mas foi no prédio na Praça da Bandeira que a curiosidade dos visitantes ficou mais aguçada. Afinal, não faltam místicas e lendas sobre o ponto, que teve a obra concluída em 30 de julho de 1889. Foi esse interesse que levou ao local o casal Flávio Valmor Dopke e Márcia Regina Becker Dopke, ambos de 64 anos e moradores do Bairro Higienópolis.

“Já ouvimos falar bastante que existe um fantasma que eventualmente perambula por dentro do Palacinho. Tem ruídos estranhos, movimentos. Até os seguranças ficam com medo”, conttou o corretor imobiliário Flávio. De fato, ao longo dos anos, muitos são os relatos do tipo no prédio. Há documentos na década de 1970 que falam sobre portas que batiam sozinhas, e sobre um ex-servidor que diz ter visto o vulto do ex-prefeito Gaspar Bartholomay em um reflexo.

Verdade ou não, a percepção, que já se transformou em lenda, perpassa gerações. “Aqui houve uma invasão no século 19. Tomaram a praça com cavalos, vandalizaram e houve tiros”, ressaltou a iridóloga Márcia Regina. Ela conta o que ouviu de seu tio, o ex-secretário da Fazenda Mário Giehl, hoje com 93 anos, que escutou o “causo” do seu ex-sogro.

Publicidade

Flávio e Márcia relembraram as lendas que costumam ser ligadas à sede do governo

Provavelmente ele se refere ao ano de 1893, durante a Revolução Federalista, quando o Palacinho foi ocupado por forças revolucionárias. “Tinha até uma marca de disparo, um resíduo balístico em alguma parte da escadaria”, salientou Flávio. De fato, há marcas nos corrimãos dos degraus de madeira que levam ao segundo piso do prédio, mas é difícil confirmar a relação com o confronto.

O fato é que o Palacinho permanece preservado como parte da memória santa-cruzense, como palco de decisões, criação de leis, reuniões, encontros e debates importantes. “Nossa cidade é muito moderna em muitos aspectos, mas é importante manter pontos históricos como esse. Nós já moramos em outras cidades, como Porto Alegre, Taquara, Muçum, mas a riqueza histórica e cultural que temos aqui não existe igual”, enfatizou Flávio.

LEIA TAMBÉM: Três meses depois, devastação causada pela enchente ainda está presente em Santa Cruz; veja

Publicidade

Olhares curiosos

Com as portas do Palacinho abertas, um dos cômodos que geravam mais curiosidade era o gabinete da prefeita. Muitas pessoas queriam ver onde era o local e o que tinha ali. Tímido para falar, mas curioso, Murilo Haeser, de 8 anos, sentou na cadeira e brincou de ser o prefeito da cidade. Segundo a mãe dele, Janice, foi um momento importante para a criança e para ela também.

Murilo foi conhecer o gabinete e sentou à mesa da prefeita

“É uma bela iniciativa essa. Com quase 45 anos nunca tinha entrado aqui”, comentou a dona de casa. Da mesma forma, a jovem Lara Samira Silva de Souza, de 22 anos, que é de São Paulo, foi ao prédio pela primeira vez. “É uma cidade com locais modernos, mas que mantém pontos históricos como este”, disse ela, que estava acompanhada de Gabriela Noronha Nascente, 19 anos.

Mais atrações estão previstas

Em paralelo à visitação no Palacinho, a área da praça, ocupada durante a Revolução Federalista há 130 anos, ontem respirava arte, cultura e lazer, com uma feira de artesanato e várias atrações musicais em evento do Movimento 4Black. Em uma estrutura ampla, com palco montado no local, apresentaram-se os grupos Insônia, Crazy Heat, Cherry e Banda e Henrique Santos & Banda.

Publicidade

Para o secretário municipal de Cultura, Dinho Barbosa, é importante salientar que o patrimônio também se refere aos movimentos artísticos que acontecem na cidade. “A música, a dança, o saber, o artesanato, a forma como produzem uma cuca, por exemplo, também são patrimônios. Tivemos as bandas, feira, mostra de dança, tudo que está englobado dentro do Dia do Patrimônio e faz parte da diversidade cultural, que é um compromisso que assumimos com a população”, disse.

LEIA TAMBÉM: Preservar o patrimônio não se trata de construções

Para ele, foi um dia especial para todos. “Pensamos em um evento que deixsse as pessoas à vontade para fazer o que elas acharem melhor e curtirem a cidade. Aqui podem escutar uma música, aproveitar a gastronomia, artesanato e entrar nos prédios históricos”, complementou. Dinho confirmou que está sendo agendada uma grande atração musical para as comemorações do aniversário de Santa Cruz do Sul.

Publicidade

A programação de eventos deve ocorrer no final de semana dos dias 28 e 29 de setembro. “Vamos anunciar nos próximas dias a banda que vamos trazer. E também haverá um show municipal abrindo. Além disso, teremos toda a parte de tradição de Santa Cruz com grupos locais apresentando sua arte aqui na Praça da Bandeira.”

LEIA MAIS NOTÍCIAS DE SANTA CRUZ DO SUL

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.