O 52º Festival de Cinema de Gramado foi marcante para a equipe do filme InfiniMundo. Além da sua estreia, marcada pela presença de moradores de Santa Cruz do Sul nessa sexta-feira, a obra cinematográfica recebeu, horas depois, o troféu Kikito de júri popular. Cinco produções competiam na mostra de longas-metragens gaúchos promovida pela Sedac/Iecine. A votação foi realizada no site do evento, sendo possível um voto por pessoa, mediante CPF. As obras também disputavam aos prêmios de melhor filme, direção, ator, atriz, roteiro, fotografia, direção de arte, montagem, desenho de som e trilha musical.
Ao ser agraciado com o prêmio do Deus do Bom Humor, o diretor Diego Müller – que dirigiu a produção ao lado de Bruno Martins – afirmou que o filme ganhou um novo significado após as catástrofes climáticas que afetaram o Estado, incluindo as locações de filmagem em Santa Cruz e Sinimbu. E ressaltou a importância de receber o prêmio de filme mais votado pelo público. “Esse é o grande prêmio que eu poderia ganhar, porque realmente é um filme feito com muito coração”, afirmou.
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Martins, que escreveu o roteiro, enfatizou a presença dos moradores que vieram do Vale do Rio Pardo para a exibição. “Foi extremamente emocionante”, disse. Um grupo formado por mais de 30 pessoas que atuaram como figurantes na produção, filmada nos dois municípios, viajou até a Serra Gaúcha para a exibição.
A Gazeta do Sul acompanhou a projeção. Parte dos assentos da principal sala do Palácio dos Festivais foi reservada para o grupo formado por cerca de 30 pessoas, que riram e se emocionaram durante a projeção. Ao final, ovacionaram a obra, comovendo os realizadores e o elenco. Para Martins, a participação da comunidade tornou o lançamento ainda mais memorável. “Senti a emoção deles ao ver na tela os locais que foram tão afetados pela tragédia que abalou o Rio Grande do Sul. E isso fez desse momento ainda mais marcante”, afirmou.
Intérprete de Astuto, protagonista de InfiniMundo, o ator Vitor Novello relembrou a recepção da comunidade durante as gravações, ocorridas no primeiro semestre de 2023. Um fato inesquecível, segundo ele, foi saber que muitos moradores fizeram aulas de teatro após participar do filme.
“Essa história resume muito o impacto que a indústria cultural gera nas pessoas. E quando olhei para o público emocionou a todos”, enfatizou.
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Cenas que mudaram vidas
A auxiliar administrativa Joelma Viviane da Silva, 46 anos, sempre sonhou em participar de uma produção cinematográfica. Viu a oportunidade surgir nas páginas da Gazeta do Sul, ao saber que a produção buscava figurantes para participar do filme InfiniMundo. Ela fez a inscrição sem imaginar que em breve a equipe de filmagens iria entrar em contato. Cerca de duas semanas depois, recebeu um e-mail informando que havia sido selecionada.
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Joelma participou das gravações em maio de 2023, durante dois fins de semana, em Sinimbu e Rio Pardinho. Foram longas horas, com filmagens durante o dia e à noite. “Choveu bastante, estava muito frio, mas valeu muito a pena. Foi maravilhoso.” Mais de um ano após as gravações, a moradora finalmente pôde ver o resultado do trabalho em Gramado, durante o Festival de Cinema. “Não há palavras para descrever o que senti. Estar presente nas filmagens, acompanhar os bastidores e assistir ao filme concluído é emocionante demais”, disse.
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Ivone Rodrigues Machado, 76 anos, mora em Rio Pardinho, interior de Santa Cruz, próximo a Travessão Dona Josefa. Assim que tomou conhecimento da produção, decidiu que era seu momento de aparecer na tela grande. Entusiasta de teatro, ficou perplexa com a rotina da produção cinematográfica. “Não tinha ideia de como era um set de filmagem, me surpreendi com a escala da produção”, afimou.
Ivone emocionou-se ao se ver na tela e recordar os dias de filmagem. “Foi incrível, conheci pessoas fantásticas e fiz muitos amigos. É uma experiência que mudou minha vida.” A telefonista da Secretaria de Educação de Santa Cruz, Indiara Oliveira, 46, não tinha experiência na área. Porém, isso não a impediu de tentar participar após saber, pela Gazeta, que buscavam figurantes. Emocionou-se ao saber que havia sido chamada para dar suporte.
Participou das gravações durante seis dias e admitiu ter aprendido muito nesse período. Com o destaque dado a Santa Cruz no cinema, espera que mais filmes sejam produzidos no município. “Vou me preparar para ser chamada novamente”, garantiu.
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