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PÓS-ENCHENTE

Entenda o que pedem os agricultores que promoveram tratoraço em Santa Cruz

Foto: Alencar da Rosa

Por volta do meio-dia, mais de 160 tratores passaram pela Rua Marechal Floriano e chamaram a atenção de quem transitava pela área central

Centenas de agricultores de Santa Cruz do Sul e outros municípios do Vale do Rio Pardo realizaram um tratoraço na manhã de sexta-feira. A concentração começou logo cedo, antes mesmo das 8 horas, no trecho final da Avenida Independência, próximo à RSC-287, e reuniu produtores rurais insatisfeitos com a falta de apoio do governo federal à categoria após os eventos climáticos extremos deste ano. Em um ato de protesto, eles exigiram mais atenção e ajuda do poder público para pagar as dívidas e retomar a produção.

Por volta das 11 horas, dezenas de tratores e caminhões partiram do ponto inicial e percorreram a cidade. Os veículos passaram pela Avenida Independência e ruas São José, Oscar Jost, Carlos Trein Filho, Senador Pinheiro Machado, Marechal Floriano e Galvão Costa. Em frente ao Parque da Oktoberfest, uma nova manifestação foi realizada. A Guarda Municipal e a Brigada Militar atuaram para organizar o trânsito durante todo o percurso e garantir a segurança dos demais veículos e pedestres.

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Integrante do movimento SOS Agro e um dos organizadores da manifestação, Cléo Schulz diz que as propostas apresentadas pelo governo federal até agora são insuficientes e não possibilitam a reestruturação necessária aos agricultores. Segundo ele, é preciso pelo menos dois anos de carência antes do início do pagamento do crédito para que os produtores consigam se restabelecer. “Vínhamos de três anos consecutivos de estiagem e agora essa enchente para acabar com tudo”, recorda.

Schulz salientou ainda que grande parte do Rio Grande do Sul foi atingida e por isso é preciso uma atuação ampla do governo federal. “Estamos clamando por ajuda. Se ela não vier, o agro vai parar.” Os R$ 600 milhões liberados pelo governo federal até o momento, frisa, não suprem as necessidades. “O mais urgente é a carência. Precisamos deitar a cabeça no travesseiro tranquilos, sabendo que vamos conseguir pagar as dívidas e voltar a produzir”, salientou. O financiamento da safra de inverno, que tinha vencimento inicial na última quinta-feira, teve o prazo prorrogado por 30 dias.

O organizador pediu ainda que toda a comunidade gaúcha conheça essa pauta e faça parte do movimento. Isso porque, de acordo com Schulz, os efeitos serão sentidos por todos. “Queremos poder produzir e levar esses alimentos ao consumidor final com um preço justo.”

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Estiagens consecutivas e chuva

O agricultor Clóves Bartz, de Linha João Alves, no interior de Santa Cruz do Sul, diz que não sofreu grandes prejuízos em razão das chuvas, mas participou do protesto para apoiar vizinhos e amigos que foram mais atingidos. Chamou a atenção para os anos consecutivos de estiagem entre 2020 e 2023, e que já haviam provocado grandes dificuldades financeiras ao agro gaúcho em razão da quebra na produção. “Esperamos que o governo olhe o lado dos produtores, senão será muito difícil permanecermos nas propriedades.”

Silas Petry veio de Vera Cruz para reforçar a demanda por ajuda do governo federal. “Não tivemos áreas alagadas, mas o excesso de chuva prejudicou muito as nossas lavouras e algumas nem conseguimos colher.” Ele lamentou que, após as dificuldades provocadas pela seca, neste ano havia grande expectativa por uma safra cheia, mas tudo acabou comprometido mais uma vez pelo excesso de água.

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Segundo Petry, não é possível estipular um prazo para a recuperação, pois cada agricultor enfrentou situações e extensão de danos diferentes. A categoria, de acordo com ele, não quer nada de graça. “Queremos juros baixos e condições de pagamento acessíveis para que possamos voltar a produzir.”

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