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MÁRCIO SOUZA

O suor que vira ouro

O mundo acompanha, atentamente, os Jogos Olímpicos que ocorrem na França. Paris transformou-se em capital planetária dos esportes, representando espaço para quebra de recordes, evidenciando a capacidade humana de superação. Temos mais recursos científicos e tecnológicos, claro, mas também temos obstinação de um grupo de pessoas abnegadas, que abrem mão de muitos momentos em família, de lazer, para não deixar o treinamento, para continuar no seu intento, que é estar no ponto mais alto do pódio e colocar no peito a medalha dourada, presenteando assim o seu país e fazendo jus ao suor derramado.

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E quando se trata de atleta brasileiro ou de outros países em que o suporte para os competidores é mínimo, essas conquistas têm um significado ainda maior. São jogadores de futebol, que batiam bola em “campinho” de terra, com os pés descalços e, não raro, enfrentando os times dos “com camisa” ou “sem camisa”, porque não existe incentivo sequer para a aquisição de um fardamento adequado à prática desportiva. Por certo, aqueles que se aventuram no futebol, por ser o esporte mais popular, ainda conseguem um suporte mais abrangente, empresas públicas e privadas colocam seus nomes e recursos para incentivar e colher dividendos. Outras modalidades, porém, ficam à margem das verbas publicitárias, dependendo quase que somente dos atletas e sua boa vontade.

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Toni Garrido, Bino e Lazão compuseram uma música que deveria ser tocada com o Hino Nacional, quando o vencedor estiver com a medalha de ouro: “Você não sabe o quanto eu caminhei. Pra chegar até aqui percorri milhas e milhas antes de dormir; eu nem cochilei; os mais belos montes escalei; nas noites escuras de frio chorei”. Muitos choraram durante a trajetória e, agora, nos fazem chorar quando conhecemos suas histórias.

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Outros tantos conseguem garantir os seus espaços e estar na cobiçada comitiva brasileira. Acabam, no entanto, não conseguindo vencer. Daí mais do que lamentar, já podem lembrar Raul Seixas, que bradou não ser possível parar, sendo necessário continuar tentando: “Não diga que a canção está perdida; tenha fé em Deus, tenha fé na vida. Tente outra vez”.

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E a lição de Raulzito vale para tudo na vida. Não é qualquer desafio que pode fazer você desistir. Se um atleta derrotado, que sabe que a próxima oportunidade de fazer diferente é somente daqui a quatro anos, sai dos jogos com a certeza de que vai batalhar muito mais para fazer melhor na próxima, nós, que temos que ser melhor no amanhã, não temos o direito de esmorecer. Nem todos vencerão. Mas aqueles que estiverem no pódio é porque tiveram incentivo, suor e perseverança. A sorte é importante, claro, mas ela só vem para os bons.

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