Hoje é dia de rock, bebê. A popular frase dita pela atriz Christiane Torloni em 2011, durante o Rock in Rio, abriu o Aulão de História do Colégio Mauá. O teatro ficou lotado durante a noite de ontem para acompanhar a tradicional atividade, que desde 2008 integra rock ‘n’ roll e educação. Em sua 15ª edição, o tema escolhido foi Moda e Atitude. Para isso, apresentaram os principais estilos musicais associados às tendências e comportamentos. “No século 20 é praticamente impossível separar a música do que é atitude ou do que é a moda. É como se fosse um pacote”, explicou o professor Waldy Lau Filho, organizador da atividade.
Para incorporar a temática, diversos músicos foram aos palcos para um repertório marcado por clássicos do gênero. Sultans of Swing, da banda britânica Dire Straits, foi a primeira, seguida por In Between Days, do The Cure, Seven Nation Army, do White Stripes e Nothin But A Good Time, do Poison, entre outras. Também tiveram versões acústicas de Girls Just Want To Have Fun, da artista Cyndi Lauper, Come as you are, do Nirvana, e Straight from the heart, de Bryan Adams.
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Além das canções, os alunos prepararam uma intervenção poética que, unindo o tema, falou sobre a catástrofe climática que assolou o Rio Grande do Sul. Tudo isso por uma entrada solidária, um quilo de alimento não-perecível que será destinado a entidades locais. A expectativa da escola é arrecadar entre 600 e 700 quilos de doações.
Conforme o educador, a atividade também busca resgatar músicas de outras décadas e apresentar às novas gerações. “A um tempo atrás, o rock ‘n’ roll era algo mais presente no cotidiano dos jovens. Hoje, a juventude escuta muitas músicas. Então, podemos trazer algumas canções bacanas, da nossa memória afetiva, para apresentar ao público”, explicou.
Pela manhã, a apresentação havia sido realizada à comunidade escolar. Cerca de 500 pessoas (em sua maioria alunos) acompanharam e puderam conhecer um pouco mais da relação entre moda, atitude e rock. Para o diretor do Mauá, Nestor Raschen, o Aulão de História se consolidou ao fazer com que os alunos se envolvam e se mobilizem na produção da atividade. “Você percebe que eles gostam de participar, de modo que o processo é tão interessante quanto a própria apresentação, que se tornou um momento de integração com a comunidade escolar.”
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Grandes guerras mudaram estilos das roupas
Entre uma música e outra, os estudantes deram uma aula sobre o tema por meio de peças teatrais. O intuito foi mostrar que, além da passarela e das grifes, a moda é também associada a atitude, comportamento e contexto social e cultural de diferentes épocas.
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Explicaram, por exemplo, como a moda foi afetada pela Primeira e a Segunda Guerra mundiais, que levaram à escassez de materiais, obrigando os estilistas a voltar a utilizar couro, seda e lã na produção de roupas. Foi neste período que as mulheres passaram a trabalhar nas fábricas, de modo que começaram a usar calças. Citaram ainda o trabalho da estilista francesa Gabrielle Bonheur “Coco” Chanel, que revolucionou a moda com estilos ousados para a época. Grandes estrelas, como a atriz Audrey Hepburn, popularizaram o estilo.
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Subgêneros do rock também foram apresentados ao público, incluindo o Grunge (que surgiu nos Estados Unidos no fim da década de 1980 e que tem o Nirvana como a banda mais famosa) e o Punk (movimento que deu as caras no início da década 1970). A aula também se estendeu ao estilo da década de 1960 e ao New Wave, gênero musical que surgiu junto com o punk, integrando eletrônica, pop e disco. “Pode parecer estranho e um pouco injusto a gente falar sobre moda e atitude no momento em que a humanidade tem passado por tantos momentos difíceis. Mas a moda é muito mais do que só roupa, luxo e estilo. Ela é a junção da arte e da funcionalidade”, explicou a professora Samantha Sartor Parisotto.
Segundo ela, somente no Brasil a indústria da moda emprega mais de 8 milhões de pessoas. O Aulão de História mobilizou pelo menos 90 pessoas, incluindo músicos, ex-alunos e estudantes. Para muitos, foi a primeira participação no evento. Entre os novos integrantes estava Pedro Basso Carneiro, 16 anos, da turma 321 do 2º ano do Ensino Médio. O jovem atuou na primeira parte, ajudando a contextualizar o papel da mulher na temática. “É uma dinâmica muito boa, nos diverte muito”, afirmou.
Já o jovem Samuel Corrêa Selbach, 16 anos, do 1º ano do Ensino Médio, precisou assumir a identidade de um idoso que interrompe uma disputa de karaokê entre dois grupos de meninas. A cena arrancou risos da plateia, que encerrou cantando a música Vienna, do cantor Billy Joel. Entusiasta do rock ‘n’ roll, o estudante ficou feliz por fazer parte dessa cena “maluca”. “Desde muito tempo queria ter participado desse momento tão divertido, e agora estou aqui”, disse.
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