Por 45 anos, seu Rui andava pelo Vale do Rio Pardo com uma Kombi. Vendia cigarros Minister, Continental e Hollywood. A Kombi e seu Rui eram tão inseparáveis que os filhos, vez ou outra, chegavam em casa da escola com desenhos que retratavam o pai e seu instrumento de trabalho.

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Dona Silvia, há mais de 50 anos, pedalou por várias máquinas de costura. Um ofício que aprendeu com a mãe, dona Lúcia, ainda quando moravam em Linha Maria Madalena, interior de Venâncio Aires.

A história da costureira e do viajante iniciou na sala de aula e tudo começou com um bilhete. Ele, um jovem ousado, filho de dona Mafalda e seu Walter, escreveu por diversas vezes em um pedaço de papel que morria de amores por ela. O recado chegava até Silvia por meio de uma colega de aula, na então Escola Estadual Murilo Braga, de Santa Cruz.

Ela, ainda tímida e temerosa, no início deixou o pretendente no vácuo, na linguagem atual, mas com o tempo a jovem Silvia percebeu que o pretendente era um bom moço, e então amoleceu o coração.

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De tantos bilhetes e olhares trocados, Rui e Silvia perceberam que suas iniciais “R” e “S” eram tão próximas no alfabeto que o romance terminou em uma palavra só: casamento. Ele “colou” nela com a bênção do padre em julho de 1972, e não a largou mais. Em mais de cinco décadas juntos, são três filhos – Marcos, Cesar e Sandro – e dois casais de netos.

E foi só os filhos crescerem e voarem sozinhos que esse casal com espírito de alunos de escola resolveu decolar também. Há 20 anos, o pensamento dos dois é curtir boa parte da vida, viajando. Silvia conta que já brincou de ser rica em um hotel de Copacabana, no Rio de Janeiro. O segredo para aproveitar, confessam, é aguardar as promoções das agências de viagens.

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A primeira das aventuras foi em 2004, em uma excursão para o Parque das Águas Termais em Piratuba, Santa Catarina, e para o mesmo destino já somam mais de 20 vezes hospedados, sempre no mesmo hotel.

Nos anos seguintes seguiram ainda para Fortaleza, Maceió e Curitiba, e todas essas idas e vindas estão registradas em uma coleção de álbuns que, em encontros de família, são revistos à beira do fogão a lenha. “Gosto tanto de viajar que quando chego em casa, volto renovada”, diz Silvia.

Em uma das aventuras pelo Brasil, Rui conta que voltou à infância. Ao chegar na praia da Canoa Quebrada, no Ceará, lembrou que quando era criança a família se reunia para assistir a uma novela gravada naquele local. “É muito bom rever as coisas, ativa a memória”, diz ele.

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Em outras, o que fica na lembrança dos dois são as atrações oferecidas nas viagens, como festa junina, das bruxas e Carnaval. E os dois se caracterizam em cada temática para entrar no clima da folia, registram tudo com fotos e, sempre que voltam a Santa Cruz, é mais um álbum para se ver à beira de um fogão a lenha.

Esta é a história do casal Rui e Silvia Anita Nagel, ele de Linha Isabel, e ela de Linha Maria Madalena, dois venâncio-airenses que adotaram Santa Cruz para morar, partir e voltar.  

O projeto Longevidade é uma parceria entre Gazeta do Sul e Secretaria de Relações Institucionais e Esporte, da Prefeitura de Santa Cruz. Quem quiser sugerir histórias semelhantes pode contatar pelo WhatsApp (51) 98443 0312 ou pelo e-mail [email protected].

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