Alessandra Steffens Bartz
Psicóloga
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Dia 20 de março o telefone tocou. Número desconhecido, voz grossa e simpática, me propunha um desafio. Escrever textos que pudessem auxiliar as pessoas durante a quarentena, que naquele momento se iniciava. A palavra desafio realmente fez jus ao seu nome. Mordi a isca. E fui fisgada certeiramente num desejo antigo, de um dia escrever sobre temas de Psicologia. Chegou o momento. Desafio aceito.
Meu amor pela Psicologia vinha há tempos me cutucando, pedindo que compartilhasse alguns conhecimentos de modo acessível à população em geral. Escrever seria um caminho, mas faltava o tempo. Eis que a pandemia trouxe o tempo e motivou a iniciativa por afazeres variados. Trabalhar em modo online foi uma novidade implementada como possível, não para todos, mas para muitos. Me surpreendi com as possibilidades vindas dessa proposta. E me perguntei por que não havia feito isso antes em algumas situações, como, por exemplo, para poder conversar com uma avó idosa de um paciente ou para uma reunião de estudo de caso. Confesso que tem sido um belo aprendizado!
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A leitura e a escrita, paixões antigas. Educação e saúde, velhas bandeiras. Juntando tudo, emergiram variados textos refletindo nossas vivências em tempos de pandemia. Assim nasceram “No olho do furacão”, “Vovó, fique em casa!”, “Casais em perigo”, “Famílias em família” – propostas que retrataram o momento inicial, de susto, medo, implementação dos cuidados, as primeiras dificuldades dos casais e famílias no convívio diário. “Cadê o inimigo?”, chegou junto com o mês de abril, onde o inimigo invisível deu as caras ao primeiro caso na cidade. Mas o tempo não parou. “É Páscoa” incitou a criatividade e o resgate das velhas receitas de família, lembrando que a vida segue. E, mais do que nunca, que a espiritualidade precisava ser aquecida. Foi uma grata surpresa fazer doces pascais caseiros, em parceria com meu esposo. Algo novo para nós, porém muito antigo na tradição familiar. Pequenos detalhes somente vislumbrados quando se desacelera.
“Em busca de felicidade e de bem estar” veio explanando a importância da inteligência emocional nos momentos de crise. “Cuidando da saúde mental”, seguiu a tendência de instrumentalizar a busca de promotores da saúde, o cultivo de boas práticas, o polimento dos valores essenciais. Já o conflito vivido por adolescentes gerou o texto “Adolescentes em pandemônio”, como uma tentativa de ajudar pais a entenderem filhos em fase de muitas mudanças agora sem a presença física da escola e dos amigos. “Jeitinho brasileiro versus coronavírus” apontou os dribles que por vezes fazemos para tirar vantagem. Destacou a necessidade de levar os cuidados a sério, sem relaxar antes da hora. Cuidar de si e cuidar de todos foi a máxima de “Somos heróis mascarados”.
“Mães imperfeitas, mães maravilhosas” trouxe reflexões sobre o papel de mãe na sociedade, com altas cobranças de performance. “Nossos medos coletivos” abordou os variados temores produzidos pela pandemia (desemprego, morte, futuro). No final de maio foi realizada a colheita das aprendizagens, e assim nasceu “Aprendizagens e pandemia”. Tudo tem os dois lados, até mesmo a quarentena. “Lar, doce lar!” deu voz aos diversos ofícios realizados em casa, desafio tremendo para as famílias com filhos em idade escolar e pais em tele-trabalho. A passagem do Dia dos Namorados motivou “Namorados”, cuja ênfase recaiu sobre destacar a importância da fase do namoro e do cuidado com a relação amorosa.
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Por fim, “Uso e abuso das tecnologias” veio fechar o ciclo de textos relativos à quarentena. Nossa relação com os equipamentos eletrônicos não podia deixar de ser questionada, mesmo nessa fase de amplo incentivo a esse uso. No embalo da tecnologia se concretizou a parceria com meu filho para a criação do meu site profissional, outro projeto antigo nascido em dias de quarentena.
A pandemia me fez refletir muito, sobre muitas coisas. Espero que essas reflexões tenham alcançado alguns. Aproveito para agradecer o apoio de todos que elogiaram, sugeriram, ou simplesmente me acompanharam. Foi muito bom me sentir mais perto em tempos de distanciamento! E assim me despeço dessa proposta. Em contrapartida, seguirei semeando temas variados de Psicologia, agora quinzenalmente, nas edições de final de semana. Espero seguir jogando as sementes, na ânsia de que algumas alcancem solo fértil e germinem. Obrigada e até breve!
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