Pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) que vivem em Santa Cruz do Sul tem à disposição ferramentas para facilitar a inclusão na comunidade. Adesivos para veículos, placas para residências e cordões de identificação de pessoas com autismo ou deficiências ocultas ajudarão a dar maior visibilidade. Esses dispositivos foram apresentados nessa terça-feira, 18, no Centro Municipal de Atendimento ao Autista (CMA) Girassol e estão disponíveis aos santa-cruzenses.
A coordenadora do Departamento Municipal de Inclusão da Pessoa com Deficiência, responsável pelas atividades do CMA Girassol, Adriele Vargas, explicou que a iniciativa foi criada a partir das necessidades apresentadas durante os atendimentos no espaço. “Construímos a partir da escuta ativa, na qual identificamos as problemáticas vividas. A partir disso, queremos garantir os direitos e uma vida digna às pessoas com deficiência”, afirmou.
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Mãe de uma menina autista, Fernanda Duarte contou aos presentes um caso que viveu em sua residência. Vizinhos a chamaram de torturadora diante das crises da filha Mikaela, que costumava se debater e gritar. “Me senti uma mãe terrível”, admitiu. Agora, Fernanda instalou na sua casa a placa com a frase “Aqui mora uma família autista”. Nela está enfatizado que, caso escute gritos, choros ou barulhos altos, é necessário respeitar, pois é um momento de crise. “Ajudou bastante, as pessoas têm um pouco mais de empatia”, afirmou.
Também estão à disposição abafadores sonoros para autistas. Eles foram entregues aos irmãos Lukas, 18 anos, Davi, 11, e Yasmin, 10. Foram um alento à mãe, a pedagoga Luíra Quadros, de 37 anos. A moradora do Bairro Universitário disse que eles vão ajudar a mantê-los mais tranquilos. “Eles possuem um processo sensorial diferente. E uma situação de muito barulho gera incômodo, dá dor de cabeça e resulta em crises”, explicou. Para Luíra, essas ferramentas podem ajudar no combate ao preconceito e fazer com que as pessoas não se afastem por falta de informação.
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O lançamento dos dispositivos foi acompanhado pela prefeita Helena Hermany. Para ela, trata-se de uma ação importante para que a comunidade compreenda as necessidades de pessoas com TEA e possa integrá-las no convívio social. “Estou me sentindo muito feliz por ter a possibilidade de dizer que foi nessa gestão que conseguimos implantar uma ação tão importante, que vai ajudar muitas famílias.”
Saiba mais
A apresentação das ferramentas foi um evento em alusão ao Dia Mundial do Orgulho Autista. Celebrado nessa terça-feira, estimula a inclusão e o reconhecimento das habilidades das pessoas do espectro autista. Além disso, busca mudar a visão que a população tem em relação ao autismo, mostrando que não se trata de uma doença, mas de uma condição.
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Para Bruno Granata, autista e produtor do curta-metragem, embora o debate em torno da conscientização esteja em evidência, a visibilidade ainda é pequena. Por isso, datas como essa devem ser aproveitadas. “Precisamos fazer barulho para conseguir mais reconhecimento e com isso mais direitos, melhorando as condições para todos”, afirmou.
Na visão da coordenadora do Departamento Municipal de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Adriele Vargas, as ferramentas são essenciais para gerar sensibilidade e empatia nas pessoas diante da falta de informação em relação ao transtorno. “São formas que a gente encontrou também de trazer essa representatividade.”
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Curta-metragem mostra o ponto de vista dos autistas
Durante o evento, foi exibido o curta-metragem Eu Girassol. O filme foi idealizado por Bruno Granata, no curso de Produção em Mídia Audiovisual da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Nele, Bruno, diagnosticado com transtorno do espectro autista, narra como é viver com essa condição. Além do seu depoimento, estão as falas de César Augusto Hartungs e Isadora Spolti Pazuch, que ajudam a explicar um pouco mais de suas manias e rotinas.
Conforme Granata, o objetivo da obra foi dar voz e o protagonismo adequado aos autistas. “Percebi que existiam poucos materiais sobre o autismo em adultos. A maioria das vezes se fala sobre as crianças e sempre com um olhar em terceira pessoa. Tentei trazer essa perspectiva em primeira pessoa e fiz questão de encontrar quem também fosse adulto e com um diagnóstico tardio”, afirmou.
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