Falava, faz poucos dias, de amores maiores exigidos em nossos tempos difíceis de privações por desastres naturais, amores que podiam ser exatamente representados pelos originalmente verdadeiros demonstrados pelas mães então festejadas. Pois mais uma data relacionada ao amor transcorre nesta semana, a dos namorados, e faz pensar em nossos relacionamentos atuais.
Não há como não lembrar, nesta hora, do que tratou o famoso sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em seu livro Amor líquido – Sobre a fragilidade dos laços humanos. Retrata as hodiernas relações sempre mais frágeis, flexíveis, inseguras, descartáveis (como objetos), de mudanças rápidas e imprevisíveis, sem vínculos mais fortes, priorizando até relações por redes, estabelecidas e rompidas com enorme rapidez e facilidade. Acompanham, na verdade, o mundo prático e acelerado, mas que deixam também muitos vazios e feridas nas pessoas, requerendo maior atenção.
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De líquido basta a água, que é fundamental, mas quando é exagerada traz as inconveniências que acompanhamos tão de perto nos últimos dias. Assim no amor e nas relações, a liquidez precisaria dar lugar a mais consistência, a amores mais sólidos, que oferecem maior estabilidade emocional e psíquica, e correspondente menor ansiedade e depressão. É certo que elas trazem mais conforto e segurança na hora das dificuldades, perdas e traumas, como as tão rigidamente vividas.
É uma atitude que entendo ser necessário estender de forma semelhante a mais situações vivenciadas em nossos tempos, em que também não se dá mais tanto o devido valor ao que está ao nosso redor. Assim, até na hora de o namorado ou namorada adquirirem o seu mimo para presente nesta data, seria bom pensar mais no comércio local, no que faz publicidade nos veículos locais, o que se encontra sempre ao nosso lado, enfim, investir na recirculação, nesse caso, de valores monetários em nosso meio, para o fortalecimento e a solidez de nossa economia, de nossa terra e nossa gente.
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Mas, é claro e não poderia ser diferente, falamos mais da melhora que precisa existir em nossos relacionamentos pessoais, de um amor mais sólido não só entre os casais, mas também humanos em geral. Necessitamos muito de voltar a firmar vínculos mais firmes, relações mais sinceras e duráveis, com maior tempo dedicado a outra pessoa, com trato mais respeitoso em relação aos sentimentos do outro, ciente das paralelas responsabilidades, mas também das compensações com vistas a uma vida mais equilibrada e saudável, tão desejada.
O momento favorece uma maior avaliação e conscientização sobre a qualidade dos relacionamentos em geral, a maior empatia exigida, assim como a maior abertura para assumir e cumprir compromissos. Seria interessante rebuscar o que mais satisfaz a nossa natureza humana, e ao mesmo tempo divina/espiritual, e com isso evitar tantos amores tão líquidos e fugazes, às vezes apenas coloridos e açucarados, mas sem a substância que nos preenche e nos faz seguir adiante com mais alegria e segurança. Pode ser até na hora de tomar um líquido preferido, mas parece ser sempre uma boa hora a de voltar a revalorizar, com amor, uma vida mais sólida e consistente.
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