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ASTOR WARTCHOW

Minha casa, meu lar

Em fevereiro de 2010, sob o titulo “SOS Planeta Terra – uma nova civilização?”, escrevi sobre a sucessão de catástrofes naturais e as mudanças climáticas a que estávamos e estamos assistindo em todos os lugares. Reproduzo alguns parágrafos. Adaptados. “Essas mudanças e os desastres ambientais afetam as populações e causam seu deslocamento territorial. A mudança de residência, mais precisamente.

O forçado êxodo é fruto de terremotos, tsunamis, furacões, enchentes e deslizamentos de terras. Inclua-se o esgotamento do solo e sua desertificação, que impedem o trabalho, a agricultura e a própria sobrevivência humana. Sem esquecer da elevação dos mares. Menos comentada é outra hipótese de êxodo, embora complexa: a mudança climática com consequências nos índices de doenças infecciosas, evidenciadas em números de morbidades e mortalidades.

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Assim sendo, de um modo ou de outro, através de uma mudança e/ou desastre ambiental, sempre ocorre um deslocamento e desenraizamento de milhares de pessoas, que perdem suas vidas, suas famílias, seus trabalhos e suas casas. Essa sucessão de incidentes está obrigando regiões e nações, com a participação da ONU, a encontrar soluções e adequações para abrigar as vítimas. São os refugiados ambientais. Historicamente, refugiada é a pessoa perseguida e incompatibilizada por razões de raça, religião, nacionalidade e razões políticas, geralmente, e que se encontra fora de seu país ou impossibilitada e impedida de voltar.

Desde 1951, está previsto no Tratado de Genebra sobre refugiados. Mas a expressão refugiados ambientais, ou refugiados climáticos, ou ecorrefugiados, é mais recente (1985). Numa tentativa de regulamentar o tema, em 2008 a ONU discutiu o relatório ‘Alterações Climáticas e Cenários de Migrações Forçadas’. Sem êxito. Na falta de legislação internacional específica, tem sido invocada a legislação pertinente aos Direitos Humanos, de modo a buscar a proteção humana e a defesa de sua dignidade.”
Agora, observando a presente tragédia e o sofrimento do nosso povo, fico pensando se estamos preparados para, num futuro próximo, abrigar milhares de pessoas, de diferentes regiões, brasileiros ou não.

Ou então, nós mesmos sermos abrigados por outros povos e regiões. Afinal, quem sabe do destino e das atribulações intestinais dessa bola gigante chamada planeta Terra? Terra, planeta Terra. Soa como que cercado de uma certa indiferença e distância. Talvez nos falte empatia. Quem sabe disséssemos “minha casa, meu lar”, dedicando-lhe o mesmo carinho e zelo doméstico.

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