Depois de muitos “diz-que-diz”, em 28 de março de 1963 a Gazeta do Sul trouxe a notícia que ninguém queria: a Rede Ferroviária Federal (RFF) anunciou que, em 1º de abril, fecharia a Estação Ferroviária de Santa Cruz. Dia 30 (sábado) foi a última viagem da Maria Fumaça entre nossa cidade e a Estação do Couto, em Ramiz Galvão (Rio Pardo). A derradeira corrida do carro-motor foi no dia seguinte.
O ramal, que operava desde 1904, tinha 30 quilômetros e era considerado deficitário pela RFF. As entidades de classe e a Prefeitura sustentavam que não. Mas surgiu outro agravante: a rede estava aposentando as Marias Fumaça (trens movidos a vapor), que seriam substituídas por locomotivas a diesel. Estas eram pesadas e necessitavam de trilhos especiais, de alto preço, investimento inviável para um pequeno trecho.
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A desativação causou dificuldades que ninguém esperava. As mercadorias de maior volume para o comércio e indústria não cabiam nos bagageiros dos ônibus e passaram a vir em caminhões. O adubo para o tabaco, que chegava em grande quantidade pelo trem, também precisou de caminhões. Isso encareceu as mercadorias e gerou problemas no trânsito. As fumageiras e outras indústrias situavam-se no entorno da ferroviária e ali criou-se uma área de muito movimento.
Inconformadas, as lideranças continuaram mobilizadas. No dia 5 de junho, o deputado Siegfried Heuser, o prefeito Edmundo Hoppe, o vice Orlando Baumhardt e membros da Associação Comercial foram recebidos pelo presidente João Goulart, a quem relataram os problemas que o município e a região enfrentavam. Dez dias depois, veio a boa notícia: o trem iria voltar.
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Heuser (que dá nome à Praça da Ferroviária) levou a ordem em mãos ao diretor da RFF no Estado. Como a estação havia sido fechada, os funcionários foram transferidos para outras cidades e precisaram reorganizar suas vidas. Com isso, o trem só voltou a operar em 5 de agosto de 1963 (segunda-feira), permanecendo até setembro de 1965.
Pesquisa: arquivo da Gazeta do Sul
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