A 35ª Feira do Livro de Santa Cruz do Sul, que se inicia nesta segunda-feira, celebra a obra e a trajetória de uma autora com profunda dedicação à escrita e também à atividade de pesquisa e de docência. A escritora Marli Silveira é a homenageada desta edição, na companhia da patrona Martha Medeiros e da personalidade incentivadora, o professor Elenor Schneider. Para Marli, é o reconhecimento a uma já longa imersão no universo cultural regional, tanto na esfera pública quanto na privada. Ela atuou como coordenadora de Cultura junto às prefeituras de Santa Cruz e de Vera Cruz.
Ela tem em seu currículo cerca de 30 livros. E mais uma obra se juntará a essa bibliografia agora. Marli vai marcar a feira na qual é homenageada com o lançamento de mais um título em seu esforço de investigação filosófica. Psicagogia da experiência estética: o sublime existencial, sob o selo da Discurso Editorial, terá sessão de autógrafos no dia 4 de maio, sábado, na Praça Getúlio Vargas.
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Mas em várias ocasiões ela estará no ambiente da feira, uma delas sendo um bate-papo ao lado de Elenor Schneider, na próxima terça-feira, às 15 horas. Além de atuar como professora no ensino superior, ela é integrante da Academia de Letras de Santa Cruz do Sul e da Academia Rio-grandense de Letras.
ENTREVISTA
Marli Silveira
Escritora, homenageada da Feira do Livro de 2024
Gazeta do Sul – A senhora terá nova publicação chegando ao público no contexto da feira, ou planeja divulgar sua obra anterior no evento?
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Na Feira do Livro lançarei mais um livro, Psicagogia da experiência estética: o sublime existencial, pela Discurso Editorial. É uma obra que se inscreve por dentro da Filosofia da Arte, da Estética, em que procuro reivindicar o estatuto psicagógico de uma experiência da ordem da sensibilidade. Desde os gregos, na nossa cultura desde as tragédias, se reconhece o “poder” da arte na “condução da alma”, na formação humana. Contudo, passamos de um regime estético movente para uma condição de estetização do cotidiano, para um empobrecimento e banalização da experiência que se dilui e nos atravessa nas mínimas relações. Também estabeleço um diálogo com autores e autoras contemporâneos, buscando assegurar ao sublime o estatuto de afeto da arte no nosso tempo. A Literatura recebe um destaque, mas não se trata de deslegitimar as demais linguagens (ou seriam línguas?) artísticas, pois creio que boa parte do que escrevo pode ser alargado para as demais artes, expressões, verves. O livro foi escrito durante o meu estágio pós-doc no curso de Pós-graduação em Letras da Unisc.
Além disso, há dois outros projetos literários pela Academia Rio-grandense de Letras, em breve poderei passar informações mais qualificadas sobre os mesmos, e outro oriundo de crítica literária.
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A senhora entende que as novas gerações estão sendo preparadas ou familiarizadas da forma correta com a leitura?
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Na continuidade da resposta anterior, o mundo da técnica é o mundo da pressa, da produtividade, do empreendedorismo de si mesmo. Somos continuamente interpelados e atravessados por valores e sentidos que nos afastam do “alargamento” de nós mesmos. Tudo é subsumido ao ritmo do cálculo, da racionalidade e desse desespero por se reinventar. Afloram pessoas que querem nos ensinar como fazer “tudo melhor”, em menos tempo, esforço e poesia. Há um coach de plantão em cada resto dessa maquinaria neoliberal que nos engole.
Portanto, não se trata apenas de bons professores, famílias comprometidas, alunos interessados, realização de eventos e projetos, depende de escolhas de horizontes para que o mundo se oriente por outros caminhos que sejam de fato mais humanos e gentis às diferentes formas de vidas, sonhos e existências.
Mas há um “enquanto”, ou seja, precisamos continuar fazendo, promovendo e sonhando da altura do mundo em que vivemos. É indispensável o cultivo da leitura e das demoras que ocasionam e ocasionarão seres humanos sentidos de outros. E nada substitui os tantos mundos que se dão pelas páginas dos livros acolhidas das melhores esperanças.
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E uma pergunta no contexto da feira: por que ler?
Não creio que podemos afirmar que há uma relação direta entre ler e amplidão humana, aqui entendida no sentido ético, de nos tornarmos pessoas melhores porque lemos. A história está carregada de exemplos de pessoas que eram (são) grandes leitores, com formação invejável, mas posicionadas do lado da barbárie. Por outro lado, é pouco provável que nossos melhores sonhadores não sejam grandes leitores.
O que quero dizer é que a leitura é uma forma de acesso ao mundo, talvez a mais importante e implicada, mas deve se inscrever dentro de um repertório de reiterada humanização, como compromisso inarredável de apelo pela vida, pela formação, pelo esforço que constrange a violência, a estupidez e as garras dos que colonizam nossas geografias afetivas. A leitura precisa necessariamente vir acompanhada de implicação ética, como um esforço contínuo e coletivo para que a estupidez não seja reconhecida como posição, mas como negação de um mundo melhor.
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Ler um livro, ler o mundo, ler a vida. A leitura é um ato solitário, mas que se inscreve como um gesto infinitamente alargado, capaz de constituir indicações que podem ser experimentadas por cada um e todos nós.
Ler talvez seja a maneira mais poética e humana de se imaginar melhor.
Serviço
O quê: lançamento do livro Psicagogia da experiência estética: o sublime existencial, de Marli Silveira, sob o selo da Discurso Editorial, em 120 páginas.
Quando: no dia 4 de maio, sábado, a partir das 16 horas.
Onde: no espaço de lançamentos da 35ª Feira do Livro de Santa Cruz do Sul, na Praça Getúlio Vargas, com sessão de autógrafos.
Para adquirir: exemplares estarão à venda no local ao valor de R$ 60,00; posteriormente, a obra também poderá ser adquirida em livrarias da cidade.
NO EVENTO: além do lançamento e da sessão de autógrafos, Marli participará de várias outras atividades durante a feira, entre elas um encontro para bate-papo na terça-feira, dia 30, às 15 horas.
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