Bonjour; merci beaucoup; s’il te plaît; aide-moi. Foi sabendo essas quatro expressões em francês – que em português significam “bom dia”, “muito obrigado”, “por favor” e “me ajude” – que o morador de Vale do Sol Alex Silveira desembarcou em Paris, na França, em março de 2008, para tentar uma vaga no seleto exército da Legião Estrangeira. São cerca de mil candidatos de todo o mundo diariamente, e no fim de uma semana, apenas 30 vagas são disponibilizadas.
Um ano depois, após ascender rapidamente no mítico exército, o ex-militar do 7º Batalhão de Infantaria Blindado (7º BIB) de Santa Cruz do Sul se tornaria o primeiro brasileiro na história a passar no curso para integrar o grupo de Comandos Paraquedistas da Legião Estrangeira – o 2º Regimento de Paraquedistas Estrangeiros (2º REP) –, que é considerado a ponta de lança do exército francês.
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Convidado do podcast Papo de Polícia, Dado José, como Alex passou a ser chamado na Legião Estrangeira, hoje com 38 anos, contou histórias de sua carreira. Entre elas estão os bastidores de confrontos em zonas de guerra contra terroristas do Estado Islâmico. Considerado um dos episódios mais tensos pelo qual passou, ele relembrou quando um colega morreu em 2014 ao passar por uma bomba caseira, chamada pelas forças de segurança de dispositivo de explosivo improvisado (em inglês, Improvised Explosive Device, ou IED).
“Lembro de ficar uns 15 segundos olhando para aquela chama subindo. Nunca vi algo daquele tamanho. Se eu fechar o olho hoje eu vejo ainda, de tão marcante e assustador”, disse. Segundo Alex, um veículo militar passou pelo ponto da bomba e não acionou o dispositivo. Mas no segundo, a roda cruzou por cima e houve a explosão. O militar de Vale do Sol vinha no carro seguinte, o terceiro, que estava passando em território terrorista no país africano de Mali.
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Essas bombas caseiras são construídas com componentes diversos, desde baterias antigas e fios de luz até pólvora, nitroglicerina, esferas metálicas e parafusos. “É algo sangrento, para te arrebentar no meio. Chegamos a encontrar laboratórios de explosivos, com prateleiras de telefones antigos e carregadores solares que eram usados”, comentou. No Papo de Polícia, ele revela detalhes desse caso e conta como funcionava a organização dos terroristas.
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“Eles usavam uma técnica de defesa em estrela. De onde a gente vinha, eles queriam nos frear, para o chefe fugir. E durante um ataque aéreo nosso, podíamos tranquilamente pousar a cerca de 300 metros, porque sabíamos que durante o pouso, os aviões estariam atacando eles. Nesse período, o risco de tomar retaliação do inimigo é zero, porque eles estão se preocupando com o ferro que tá vindo de cima.”
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No Papo de Polícia, Alex contou ainda como foi revelar à família que iria se alistar na Legião Estrangeira apenas três dias antes de embarcar para a França. Também detalhou o rigoroso treinamento de combate como atirador de precisão e morteiro, além das missões em que saltou de aviões a mais de 4 mil metros de altura e a troca de experiências com agentes do Bope, Core e Comanf.
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