A história do desaparecimento de uma cachorrinha, em Venâncio Aires, poderia ter tido um final triste. A fuga após um passeio com a tutora, o susto de andar na rodovia e a procura por abrigo em um matagal são alguns dos momentos de pânico que a pequena Melina passou. Enquanto os tutores foram vítima de tentativa de golpe e usaram até drone para tentar encontrá-la. A ajuda de um adestrador e seu cachorro farejador, no entanto, transformaram esta em uma história emocionante de persistência, reencontro e família.
O começo da história volta até a manhã de sexta-feira, 1º. Tainara Sargenheski fazia um passeio com Melina e Charlote, as duas cachorrinhas das quais é tutora. Este era apenas uma das pelo menos quatro saídas diárias que faz com as cadelinhas, já que moram em apartamento. A rotina mudou, no entanto, quando Melina escapou da peiteira e fugiu. “A Melina foi resgatada, então carrega consigo muitos traumas, entre eles a insegurança com a figura masculina. Então a reação dela no momento foi de correr muito, ela correu quilômetros. Eu tentei correr atrás, mas não consegui”, relatou a tutora.
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As buscas
Iniciaram de pronto as buscas pela mascote da família, com publicações e nas ruas. Tainara e o namorado, Arthur de Oliveira Walker, souberam que Melina tinha sido vista na RSC-453, conversaram com caminhoneiros e buscaram por ela também na rodovia. Por meio das redes sociais, foram informados de que o dono de uma empresa nas proximidades da via tinha visto a cachorrinha, tentou resgatá-la, mas ela fugiu em direção a um matagal. Ele levou o casal ao local e aí iniciaram novas buscas, nessa região, ainda na sexta-feira.
À noite, foram informados de que ela tinha sido vista na cidade. “Então a gente fez toda uma mobilização com amigos, rodamos toda a cidade entre um sete, oito carros e nem sinal da Melina”, contou Tainara. No sábado pela manhã, tentaram aplicar um golpe na família: os estelionatários afirmaram que estavam com a cadelinha presa, e pediram dinheiro para devolvê-la. Até atrás de câmeras de monitoramento o casal foi, em busca de Melina. “Mas a todo momento eu dizia que ela não tinha saído daquele mato, ela não conseguiria voltar para casa, porque ela é um cachorro de apartamento. E ela é muito medrosa, ela é muito insegura. Meu instinto dizia isso”, revelou.
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Francisco e Gin: heróis
No domingo, tentaram até sobrevoar a área com um drone, para tentar localizar a cachorrinha, sem sucesso. No mesmo dia, receberam a sugestão de uma das integrantes da ONG Protetores de Santa Cruz, de onde adotaram Melina, para usar um cão farejador na procura. Foi quando Francisco Konzen entrou na história.
Adestrador profissional há 3 anos – mas com décadas de experiência -, ele treinou Gin, um pastor alemão de 5 anos, para ser um cão de busca e captura. “Quando eles entraram em contato comigo, eu expliquei que o Gin é um cão de busca e captura, o que significa que ele foi treinado para exercício de polícia. No caso de um bandido, por exemplo, que deixou um boné ou algo assim na fuga, o meu cão tem a capacidade de pegar esse objeto, cheirar e seguir a trilha que ele fez, encontrar, morder e imobilizar. Então eu falei que os cães com esse treinamento procuram pessoas, mas que a gente podia tentar”, relatou o adestrador.
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“Um anjo iluminou o Francisco e o Gin”, disse Tainara. “Eu levei um pijama que a Melina tinha usado na noite anterior à fuga dela e ele esfregou no nariz do Gin e deu o comando: “Busca”. O Gin desceu correndo e o Francisco deu o comando novamente. A aí ele [o cão] foi reto, prontamente, para uma oquinha feita de cipó. A gente passou ali dez vezes antes, mas era impossível de ver, o mato estava muito fechado, e a Melina estava presa ali dentro, ela não conseguiria sair sozinha”, descreveu.
A cachorrinha foi encontrada bastante assustada e tremendo, mas demonstrou felicidade em ver os “papais” logo de cara. “Foi um momento bem emocionante”, relembrou Tainara. Melina foi levada ao veterinário e avaliada: apesar de fraca, desidratada e com escoriações nas patas, não teve nenhuma fratura ou ferimento mais grave. “A Melina é parte da nossa família, então a nossa família estava incompleta sem ela. Mas agora, graças ao Gin e ao Francisco, a Melina está em casa, está bem, está se alimentando. A gente voltou a sentir paz no coração”, disse a tutora. “Para nós o Francisco e o Gin vão ser eternos heróis.”
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