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Dias de quarentena: namorados

Alessandra Steffens Bartz
Psicóloga
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Seguem os dias, semanas, meses. Vamos convivendo com a pandemia e vivendo a vida dentro do possível, em regime semiaberto. Alcançando o mês de junho, o calendário nos lembra do Dia dos Namorados, transcorrido nessa sexta-feira, 12. Uma data comercial, pensam alguns. Mais do que isso, um ritual de cultivo do amor. A fase do namoro, que gostaríamos de congelar para sempre, tem sido burlada e desmerecida pelas gerações atuais.

O namoro é digno de muita atenção. É nessa etapa que nos conhecemos, que fazemos juntos um test drive para, depois de um tempo, decidir sobre o futuro da relação. O vínculo inicial, construído durante o namoro, vem recheado de atração erotizada entre ambos, de encantamento um pelo outro. Essa paixão favorece a sensação de que o ser amado pode preencher todas as lacunas psíquicas e afetivas do outro. Alguns descrevem-na como a sensação de ter encontrado a alma gêmea. A pessoa amada tende a ser vista e sentida como perfeita, a tampa da sua panela. Ambos sentem, pensam e percebem tudo da mesma forma, o que intensifica a cumplicidade.

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Os amados estão tão unidos durante esse encantamento inicial, que de nada vale criticar ou querer alertar sobre algo observado externamente. Um defende o outro ferrenhamente, não conseguindo ouvir sobre falhas do seu par do chinelo. Os enamorados focam no amado, pensam muito na pessoa e na relação, respiram e suspiram por ele(a). Muita energia é investida. Por isso são muitas fotos, bombons, cartões, presentes, surpresas. Tão lindo esse momento da vida! Daria para ser sempre assim? Sinto muito, mas é uma etapa transitória. Aos poucos a paixão vai abrindo espaço para uma visão mais realista da pessoa amada. Será possível, então, conhecer a pessoa não somente por suas qualidades, mas também por seus defeitos. Surgem decepções, frustrações, desencantamentos. Abre-se espaço para a vivência de conflitos e aprendizagem da resolução dos mesmos, para o diálogo franco e sincero. E assim o vínculo amoroso vai evoluindo da paixão ao amor. O amor requer admirar o outro pelo que ele realmente é, sem a idealização de ser perfeito. Um não é a metade do outro; não somos metades da laranja. Somos dois que formam uma sintonia harmoniosa.

Conseguimos entender o quanto o namoro é encantador, excitante, motivador, feliz. Talvez essas sensações iniciais apaixonantes, favoreçam a queima de etapas. Nossos jovens adultos parecem ter pressa, logo estão morando juntos, em seguida se separam porque não deu certo. O namoro engatou na aceleração da vida e tem reduzido ou trocado de nome, não sei. Uns são ficantes, não namorados. Outros só moram juntos, ou são namoridos. A nomenclatura não importa. Importa refletir sobre a relevância de viver o namoro como uma fase não tão curta, onde o casal deve se conhecer ao máximo, com qualidades e defeitos. Cada um precisa avaliar se consegue conviver com as falhas do outro, pois as pessoas não mudam porque casam. Não se iluda. Construir uma relação amorosa saudável e duradoura parte de uma base forte e estruturada, que se estabelece na fase inicial, onde o casal se conhece realisticamente e se afina para seguir junto. Ou o casal percebe que não sintoniza e rompe o namoro, o que pode ser a melhor alternativa em alguns casos.

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Outro aspecto significativo a ser observado antes de morar junto, casar ou juntar os panos, é entender porque escolheu tal pessoa. O que me motivou a enxergar essa pessoa em meio a tantas outras? Muitos fatores inconscientes participam da nossa escolha amorosa. Não raro buscamos pares que se assemelham a algum familiar, como pai, mãe, avô. Quanto mais nos conhecermos, melhor poderemos fazer as escolhas na vida. Sempre é um bom investimento. Assim como precisamos investir na relação amorosa para que ela mantenha um tanto do brilho inicial, mesmo que de modo mais tranquilo, mas também gostoso. Passado o furacão da paixão, segue a calmaria das ondas do amor.

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O Dia dos Namorados, vem então, todos os anos, lembrar dos bons momentos vividos juntos, vem fortalecer os casais. Vamos encarar esse dia como um ritual de renovação da relação amorosa, que independe do comércio ou dos restaurantes, mas que requer nosso investimento no viver junto. Sejamos criativos e inovadores para marcar essa data de modo simples ou requintado, mas com muito amor e dedicação. Toda relação saudável se aquece com agrados, surpresas, comemorações. Resgatem a música do casal, as fotos da sua história, cozinhem juntos, acendam velas, dancem, celebrem sozinhos ou com os filhos. A vida segue e precisamos celebrar, nem que seja à distância, como ocorre para alguns casais. Marquem o Dia dos Namorados como um momento caloroso e acolhedor!

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